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Receber áudios te incomoda?

Por Cristiane Lang (*) | 20/08/2024 08:30

No mundo hiperconectado em que vivemos, a comunicação está sempre evoluindo. Desde as longas cartas escritas à mão até as mensagens instantâneas, o modo como nos expressamos e nos conectamos tem mudado com o tempo. E então, surgiram os áudios. Ah, os áudios! Para muitos, eles são a salvação da comunicação rápida e expressiva. Para outros, no entanto, os áudios são uma fonte constante de irritação.

A praticidade dos áudios

Não há como negar que os áudios trazem uma certa praticidade. Em vez de digitar uma longa mensagem, basta apertar um botão, falar e enviar. Com áudios, é possível transmitir emoções, entonações e nuances que um texto escrito muitas vezes não consegue capturar. Isso permite que o emissor expresse melhor o que quer dizer, dando uma clareza que o texto não oferece.

Além disso, áudios são extremamente úteis em situações em que as mãos estão ocupadas. Seja dirigindo, cozinhando ou simplesmente com preguiça de digitar, os áudios salvam o dia, proporcionando uma forma de comunicação rápida e direta.

Mas, e o outro lado?

Para quem envia, o áudio é prático. Para quem recebe, porém, pode ser um verdadeiro pesadelo. Imagine-se em um ambiente silencioso, como uma biblioteca ou um transporte público, quando de repente, seu telefone toca com um áudio de cinco minutos. Se for um texto, você pode lê-lo discretamente; se for um áudio, a única opção é colocar os fones de ouvido (se tiver um por perto) ou arriscar-se a interromper o silêncio ao seu redor.

Além disso, áudios longos podem ser extremamente irritantes. Diferente de uma mensagem de texto, onde você pode rapidamente escanear as palavras e captar a essência, com um áudio você é obrigado a ouvir em tempo real. Um áudio de cinco minutos leva exatamente cinco minutos para ser "lido". E, se a pessoa que enviou se alonga em detalhes desnecessários, repete-se ou vai e volta no assunto, a frustração cresce exponencialmente.

A dicotomia da comunicação

O dilema entre enviar ou não áudios muitas vezes reside nessa dicotomia: o que é conveniente para quem envia nem sempre é conveniente para quem recebe. Em muitos casos, o receptor acaba sendo forçado a consumir a mensagem no tempo e na forma que o emissor escolheu, perdendo a autonomia de decidir como e quando lidar com a informação.

Há também a questão do contexto. Em um ambiente de trabalho, por exemplo, áudios podem ser inconvenientes, especialmente quando se trata de informações que precisam ser registradas ou revisadas posteriormente. Escrever é mais seguro e confiável, já que textos podem ser facilmente pesquisados e referenciados no futuro.

Como tornar os áudios menos incômodos?

O que pode ser feito para que o envio de áudios seja mais palatável para todos? A primeira dica é ser breve. Resuma sua mensagem e vá direto ao ponto. Lembre-se de que o tempo do outro também é valioso. Além disso, respeite o contexto. Se a mensagem for longa ou tiver múltiplos pontos importantes, considere escrever em vez de falar.

Outra dica útil é avisar antes de enviar um áudio, especialmente se ele for longo. Um simples “Vou mandar um áudio de dois minutos, tudo bem?” pode fazer toda a diferença na experiência do receptor.

Áudios, como qualquer ferramenta de comunicação, têm seus prós e contras. São práticos e expressivos, mas podem ser inconvenientes e irritantes dependendo da situação e do usuário. No final das contas, a chave está no equilíbrio e na empatia. Ao entender o contexto e as preferências de quem está do outro lado, podemos usar essa ferramenta de forma mais eficaz e respeitosa. E você, como se sente em relação aos áudios?

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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