Contra suicídio e mutilação, projeto leva “socorro” a escolas do interior
"O mesmo problema que acontece aqui, que é uma cidade grande, acontece em municípios pequenos", diz educadora
Suicídio, automutilação, depressão. As temáticas cada vez mais presentes no ambiente escolar levaram para redes de ensino do interior de Mato Grosso do Sul um projeto da Reme (Rede Municipal de Ensino) de Campo Grande, que capacita professores, diretores e coordenadores pedagógicos sobre como detectar sinais de problemas psicológicos.
“O projeto cresceu porque aumentaram os casos. Isso não é bom, a gente fica triste. Mas, ao mesmo tempo, fica um pouco mais realizado porque temos equipe preparada, que está tentando resolver essa dor intensa dentro dessas crianças e jovens distribuídos na rede municipal”, afirma a superintendente de Gestão e Normas da Semed (Secretaria Municipal de Educação), Alelis Izabel de Oliveira Gomes.
De forma voluntária, a capacitação foi feita nos municípios de Rochedo, Camapuã, Bataguassu e Ponta Porã. De acordo com a superintendente, Camapuã chamou a atenção porque registrou um caso de suicídio consumado. Na cidade, a 133 km de Campo Grande, a capacitação foi realizada para profissionais da rede municipal e também para representantes da rede estadual de ensino.
“Não é um problema só nosso. A gente tem ido a alguns municípios e dado socorro. Porque o mesmo problema que acontece aqui, que é uma cidade grande, acontece em municípios pequenos”, afirma Alelis.
A capacitação mostra como identificar casos de automutilação e comportamento suicida nas unidades escolares, além de como atuar.
Agenda cheia – Em Campo Grande, a faixa etária mais atendida por equipe de psicólogos da Semed vai de 12 a 16 anos. “Mas já encontramos criança de 10 anos se automutilando e a família não tinha percebido”, salienta a superintendente.
Em caso de automutilação, quando o aluno se corta, o Conselho Tutelar é acionado e os pais devem fazer o acompanhamento do filho na unidade de saúde. “É uma obrigação dele. Automutilação é sério. Cortam virilhas, braços, costas e correm o risco de pegar uma infecção grave”,diz Alelis. A preferência é por corte em locais mais fáceis de ocultar com as roupas.
A agenda com os psicólogos da secretaria de Educação já está cheia até o mês de agosto. Casos mais graves são encaminhados para rede municipal de Saúde, que dispõe dos Caps (Centro de Atenção Psicossocial). A Reme tem 100 mil alunos, distribuídos em 94 escolas e 102 Emeis (Escola Municipal de Educação Infantil).
Socorro - O ato de se cortar é mais comum nas meninas. Sobre o motivo de se infligir sofrimento físico, a explicação é de que a dor concreta é considerada mais fácil de lidar do que as dores emocionais.
Os pais devem ficar atentos ao comportamento dos adolescentes, como o cuidado de ocultar sempre o corpo e sinais depressivos (isolamento social, queda nas notas, agressividade).