Coordenador local é contra extinção de Sesai, mas defende debate
O Ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, propôs a municipalização da saúde indígena, mas voltou atrás após protestos
O Ministro da Saúde Luis Henrique Mandetta voltou atrás em seu plano de municipalizar a saúde indígena após vários protestos pelo país. Fernando Souza, coordenador da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) em Campo Grande comemorou a decisão, mas concorda que deve haver discussão sobre a estrutura.
“Entendemos e achamos necessário e importante o debate. Temos que ver o órgão como uma empresa, se há investimento, tem que ter resultado. Os resultados, de forma geral, ainda estão muito aquém, é preciso melhorar indicadores”, afirma Fernando. Mesmo que após a criação do sistema, em 1999, já tenha acontecido melhoras. Segundo ele o índice de mortalidade infantil no estado passou de 140 por mil para 20 por mil. “Houve evolução, mas, sim, ainda temos problemas”.
Para o coordenador, a discussão deve repousar sobre as questões de gestão, estrutura, logística e extrapolar a esfera da saúde. “Tem que articular com a federação, os estados e os municípios as políticas públicas sobre produção, educação, esporte, lazer, segurança pública, pois são fatores condicionantes de saúde e vão propiciar dignidade para as populações indígenas e mais saúde”, define.
Como exemplo, Fernando destaca que, embora os governos estadual e federal tenham investido em moradia para municípios como Dourados e Amambai, nenhuma delas foi destinada à população indígena, sendo que muitos deles “continuam em barracos, se abrigando em sucatas, o que não oferece segurança e dignidade e deixa eles suscetíveis a problemas de saúde. Eles continuam na invisibilidade”, alerta Fernando.
continuam na invisibilidade
Mato Grosso do Sul tem população indígena de cerca de 83 mil pessoas e a sede da Sesai no Estado fica em Campo Grande. O Estado conta com 14 DSeis (Distrito Sanitário Especial Indígena), sendo 7 no cone sul, nos municípios de Dourados, Camapuã, Amambai, Tacuru, Iguatemi, Antônio João e Paranhos, e outros 7 ao norte, em Sidrolândia, Aquidauana, Miranda, Bodoquena, Bonito, Corumbá e Brasilândia. Ainda, há 3 Casais (Casas de Apoio à Saúde Indígena), para indígenas que precisam de atendimento de média e alta complexidade, em Campo Grande, Dourados e Amambai.