Entre rios, cidades mais antigas de MS tiveram crescimento pelo comércio
Fundadas em 1778, Censos do IBGE mostram crescimento histórico de Miranda, Corumbá e Ladário
Nos primórdios do sul de Mato Grosso, os povoados de Miranda, Corumbá e Ladário despontaram como as primeiras cidades da região sul do Pantanal. Desde então, ao longo das décadas, essas três cidades passaram por vários ciclos de crescimento urbano, econômico e populacional.
De acordo com os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na quarta-feira (28), as transformações demográficas nessas localidades são evidentes e passaram por variações populacionais.
Miranda, localizada a 201 km da capital, Campo Grande, registrou um total de 25.536 habitantes. No entanto, os dados revelam que Miranda caiu da 16ª posição para a 21ª posição entre as cidades com maior índice populacional de Mato Grosso do Sul.
Corumbá, distante 419 km da Capital, apresentou um total de 96.268 habitantes em 2022, segundo o IBGE. O Censo 2022 aponta que o município teve a maior redução em números absolutos, passando de 103.703 habitantes em 2010 para 96.268 em 2022, o que representa uma redução de 7,14%.
Em contrapartida, Ladário, também localizada a 419 km da Capital, apresentou um crescimento populacional significativo. O município passou de 19.617 habitantes em 2010 para 21.522 em 2022.
História em dados - Segundo o historiador Roberto Figueiredo, Miranda é uma das cidades mais antigas do Estado de Mato Grosso do Sul, juntamente com Corumbá e Ladário. Essas três localidades têm uma história intrinsecamente ligada ao processo de ocupação e desenvolvimento da região sul do Pantanal.
Roberto explica que as três cidades foram fundadas em 1778, o que criou uma “disputa” pelo título de cidade mais antiga de Mato Grosso do Sul. “São cidades que têm sua fundação, temporalmente, muito próximas uma da outra. É uma questão de meses de diferenças no mesmo ano. Não existe uma grande rivalidade de fato, mas a gente acaba brincando, por serem cidades muito próximas”, brinca o historiador.
Entretanto, Roberto aponta que também é importante considerar a data de emancipação política de cada cidade. "É esse marco político que devemos considerar ao avaliar a idade de uma cidade, e não apenas o momento em que um grupo de pessoas chegou ao local".
De acordo com os arquivos históricos do IHGMS (Instituto Histórico Geográfico de Mato Grosso do Sul), Miranda teve origem a partir da construção do Presídio Nossa Senhora do Carmo do Rio Mondego em 1778. O povoado foi fundado pelo capitão João Leme do Prado, que lançou os alicerces do presídio por ordem do 6º capitão-general das Capitanias de Mato Grosso e Cuiabá, Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
Miranda também foi a primeira cidade a passar pela emancipação política e assumir o status de município, em 1857. Com a chegada da Rede Ferroviária Noroeste do Brasil, em dezembro de 1912, a cidade começou a se desenvolver economicamente e demograficamente.
O primeiro Censo do IBGE, realizado em 1940, mostra que a cidade tinha 10.622 habitantes. Até a década de 1980, o município às margens do Rio Miranda teve um crescimento exponencial, atingindo 24.126 habitantes.
Corumbá, por sua vez, teve sua ocupação iniciada no século XVI pelos portugueses, que exploravam a área em busca de ouro. O povoado foi fundado em 1778 com o propósito de impedir os avanços dos espanhóis pela fronteira brasileira em busca desse valioso mineral. Inicialmente denominado Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque, o vilarejo cresceu e se tornou o principal ponto comercial da região.
De acordo com Roberto, a emancipação política da cidade, alcançada em 1862, se deve, em grande parte, à sua significativa importância econômica. "É importante ressaltar que Corumbá chegou a rivalizar com Cuiabá como uma das cidades mais importantes da região", explica.
Em 1865, a cidade foi tomada pelos soldados paraguaios durante o período da Guerra do Paraguai (1864-1870). De acordo com a historiadora Nathalia Junqueira, o conflito resultou na destruição de diversas vilas e fortificações na fronteira sul de Mato Grosso.
Como consequência desse cenário de destruição, houve a necessidade de reorganizar o espaço, estabelecendo novas instituições que desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento da cidade, aponta Nathalia.
Em 1940, o primeiro Censo do IBGE evidencia que a cidade alcançou uma população de 29.521 habitantes. Desde então, movida pela exportação via Rio Paraguai, a cidade iniciou seu crescimento populacional.
A partir da década de 1970, o turismo passou a ser explorado e a população bateu o número de 81.887 habitantes, conforme aponta levantamento do IBGE. O Censo de 2010 mostra que a cidade branca alcançou seu pico populacional, com 103.703 habitantes.
Já Ladário, fundada como povoado em 1778, também teve uma história marcada pela ocupação da margem direita do Rio Paraguai. O nome do município é uma homenagem ao capitão-general Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, que ordenou a ocupação da região.
Na mesma região onde Ladário surgiu, encontrava-se o arsenal da marinha, cuja construção teve início em 14 de março de 1873. Um dos cartões-postais da cidade é o Pórtico da Base Naval de Ladário, uma réplica do famoso Arco do Triunfo de Paris. A presença militar e o comércio portuário também foram responsáveis pelo crescimento populacional da cidade.
Somente em 17 de março de 1954, Ladário assumiu o status de município e teve a posse de seu primeiro prefeito, no dia 3 de outubro do mesmo ano. O primeiro Censo do IBGE foi realizado na década de 1960 e constatou que a população batia o número de 4.489 habitantes.
Desde então, o município passou por um crescimento exponencial, alcançando a marca de 19.617 habitantes em 2010, conforme levantamento do IBGE. Em 2022, o último Censo do IBGE mostra que a cidade alcançou 21.522 habitantes.