Calor aumenta banhos e corta até "saidinhas" de idosos em casa de repouso
Espaço adaptou atenção de 22 idosos em virtude das altas temperaturas e calor intenso
Com as altas temperaturas e sensação térmica acima dos 40ºC em diversos municípios de Mato Grosso do Sul, a recomendação é para que os cuidados com a saúde sejam redobrados, principalmente com crianças e idosos.
As altas temperaturas mudaram a rotina em escolas, por exemplo, e também de 22 internos da Casa de Repouso Lar Esperança, na região central da Capital, que em virtude do calor, passaram a se hidratar de forma mais frequente, tomar mais banhos, além de participarem de dinâmicas apenas em ambientes fechados, interrompendo rotinas e exercícios ao ar livre.
Aposentada desde os 47 anos, a ex-secretária Dagui Pereira da Silva, de 87 anos, vive junto dos colegas há pelo menos dois anos. Solteira e sem filhos, ela disse que veio para Campo Grande após a morte do cunhado, o arquiteto Rubens Gil de Camillo.
“O calor é bem complicado, foi uma das primeiras coisas que notei quando me mudei de São Paulo para cá, Campo Grande parece uma estufa, fazíamos dinâmicas externas. Hoje não mais, ainda bem que aqui é climatizado (risos)”, falou.
Nascida em Itapira, interior de São Paulo, a idosa disse que tem amigos e familiares aqui, mas que apesar do auxílio de pessoas próximas, já havia decidido que se “arrumaria” em uma casa de repouso no momento da velhice. “Minha prima queria cuidar de mim, uma amiga, as duas ‘já se foram’ e eu estou aqui. Foi uma decisão que tomei muito cedo, nem sabia o que seria da vida, mas já falava”, disse. No local, Dagui se entretém com crochês, televisão e fica antenada na internet.
De acordo com a enfermeira Ana Clara Piovesano, de 23 anos, a rotina de cuidado com os idosos é constante. A profissional destaca que o calor pode, inclusive, agravar problemas dos idosos, além de causar desconforto. “Sempre monitoramos a pressão, problemas renais, ficamos de olho, sempre, muita hidratação, se apresentar alguma alteração já fazemos o controle”, disse.
A jovem enfermeira destaca que o "calorão" pode alterar repentinamente a rotina diária a depender das necessidades e cuidados exigidos por cada um dos idosos. "Tontura, confusão mental, risco de queda são alguns pontos que podem se agravar com o calor e desidratação, às vezes ficam confusos e levantam sozinhos, o que aumenta os riscos de queda”, complementou.
Ex-administrador de empresas, Manoel Soares Dias, de 85 anos, está na casa de repouso há dois anos. Comunicativo e espontâneo, diz estar acostumado com o calor e brinca com o clima de Campo Grande. “Campo grande é Campo grande, amanhã pode estar 17 graus”.
Quando o calor permite, sai acompanhado de cuidadoras pela cidade para tomar um cafezinho e apostar na loteria.
Administradora e proprietária do local, Vanusa Salameni, de 44 anos, cuida do espaço com auxílio de 24 pessoas, quatro da família e outros 20 funcionários entre nutricionistas, cuidadoras, fisioterapeutas. Para amenizar o calor e ajudar na qualidade de vida dos idosos, o espaço conta com ar-condicionado, ventiladores e climatizador em todos os quartos.
“Nunca tivemos temperaturas tão altas como agora, além disso, todos já tomam pouca água, então você tem que oferecer mais líquido ainda, com monitoramento de hora em hora, muito suco, pois aceitam melhor do que água”, disse. Outra dinâmica alterada pelo calor foi o número de banhos dos idosos, dois por dia.
“Antes tínhamos apenas o banho pela manhã, hoje temos o banho em dois períodos, tudo para amenizar, adequamos às dinâmicas para ambientes climatizados, fazíamos fisioterapia ao ar livre, hoje não acontece. Por conta do calor, tudo é climatizado”, destacou.
No local, todos acordam, tomam banho, partem para o café da manhã. Os idosos com mais independência fazem crochê, pintura, assistem TV e fazem fisioterapia. Tudo de forma coletiva e individual, já que cada um possui necessidades diferentes de atenção.
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