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Capital

Cão Fióte, políticos, empresários e ex-funcionários se despedem de Antonio João

Jornalista e ex-senador é velado nesta manhã (19), em Campo Grande

Por Cassia Modena e Jackeline Oliveira | 19/09/2023 11:55
Durante velório Fióte vê o dono pela última vez (Foto: Marcos Maluf)
Durante velório Fióte vê o dono pela última vez (Foto: Marcos Maluf)

O corpo do jornalista e ex-senador Antonio João Hugo Rodrigues chegou às 10h12 desta terça-feira (19) para ser velado no Cemitério Memorial Park, em Campo Grande. Familiares, amigos, ex-funcionários, empresários, personalidades políticas e até o cachorro Fióte se despedem no local, até as 12h.

O fiel companheiro canino já demonstra sentir falta do dono, segundo o ex-motorista particular José Fernandes Osório Dantas, 62, chamado de Fernando por Antonio João. "Os dois eram inseparáveis, eram muito ligados. Agora, eu que vou cuidar do cachorrinho", afirma.

Fernando trabalhou por 45 anos com o jornalista e sua família. Lembrará de Antonio João como uma excelente pessoa. Não esquecerá, também, do temperamento um pouco difícil do ex-chefe. "A gente tinha turbulências, mas tinha os momentos bons. Nos dávamos bem", diz.

O ex-motorista Fernando, que cuidará do cãozinho (Foto: Marcos Maluf)
O ex-motorista Fernando, que cuidará do cãozinho (Foto: Marcos Maluf)

Pelos serviços prestados, o motorista foi nomeado proprietário da sede da chácara do ex-chefe, que fica na Capital. A doação foi feita ainda em vida.

Um dos primeiros a chegar foi o ex-piloto de aeronave e também ex-motorista particular, Rosaldo Barbosa Lins. Ele esteve ao lado do ex-chefe nos últimos momentos da internação, um dia antes de sofrer duas paradas cardíacas. "Estava lá no sábado, conversamos e ele estava bem, falante e corado", contou.

Sobre o caráter de Antônio João, ele atesta: "era sistemático, mas humanista e cumpridor de seus deveres". Rosaldo era funcionário e também amigo do patrão. "Eu me dava muito bem com ele, pois a minha profissão era a de aviador (dele) e exigia confiança, pois a aviação não pode ter erros. Eu andava sempre com ele de carro e avião, ia para a fazenda, ia para pesqueiro", relata. Antônio João vai deixar saudades para Rosaldo, que fica, aos 75 anos.

Últimos desejos - Antonio João não deixa filhos. O sobrinho Marcos Fernando Alves Rodrigues é quem se encarregará de fazer cumprir os pedidos póstumos do tio. A doação da chácara a Fernando e os cuidados relegados a Fióte foram merecidos, na avaliação dele. "Foram muito bem dados, pois, só para ele, trabalhou por 15 anos", reforça.

Marcos Rodrigues, sobrinho de Antônio João (Foto: Marcos Maluf)
Marcos Rodrigues, sobrinho de Antônio João (Foto: Marcos Maluf)

Antonio João alternava quanto ao destino de seu corpo após a morte. "Uma hora era ser cremado e ter as cinzas jogas no Rio Piquirí, outra hora era o Rio Paraguai", conta Marcos. A decisão acabou sendo pelo primeiro rio, já que um acaba desaguando no outro em Mato Grosso do Sul, e o jornalista gostava mais de pescar lá. Inclusive, foi proprietário de pesqueiro na região. "Teve bons momentos lá, e o mínimo que podemos fazer, é atender esse pedido".

A cremação será feita em Araçatuba (SP), mas sem motivo ligado à vontade de Antonio João. É que lá o processo é mais ágil.

Em casa e com a família, o tio era uma pessoa exemplar. "Alguém especial, inteligente, rigoroso, porém, queria o melhor, e isso ele fez com o jornal Correio do Estado [que comandou], e por todo lugar onde ele passou", pontua Marcos.

Referência - "Mato Grosso do Sul perde uma referência, de tão forte que foi a presença dele nessas duas áreas, no jornalismo e na política, não se conta a história sem citar o nome de Antonio João", disse Paulo Duarte, ex-deputado estadual, ex-prefeito de Corumbá e atual presidente estadual do PSB.

Paulo Duarte, ex-deputado estadual e atual presidente do PSB em MS (Foto: Marcos Maluf)
Paulo Duarte, ex-deputado estadual e atual presidente do PSB em MS (Foto: Marcos Maluf)

O político afirma que o conheceu bem durante 25 anos. Chegou a ter embates com o jornalista, conhecido por sua personalidade forte. "Não tem ninguém que o conhecesse e ficasse indiferente", declara.

O deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD) também se despediu do comunicador. "Deixa legado como formador de opinião, polemista, e bom jornalista que sempre teve opinião bem destacada em todos os assuntos. Exerceu a profissão com muita liderança e ergueu os maiores jornais diários do Estado. Com certeza, deixa um importante legado", falou.

Pedrossian Neto ressaltou que Antonio João foi um dos fundadores do Partido Social Democrático em Mato Grosso do Sul. "O partido deve render suas homenagens", ressaltou.

Deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (Foto: Marcos Maluf)
Deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (Foto: Marcos Maluf)

O ex-deputado estadual e apresentador Maurício Picarelli também marcou presença. "Irmão, companheiro e amigo. O conheci quando trabalhava na televisão, quando ele assumiu o SBT. Me convidou para ser deputado estadual, aceitei e caminhamos juntos durante mais de 30 anos. Deixa um legado maravilhoso, é uma pessoa a quem eu devo muito", resumiu.

Ex-deputado e apresentador, Maurício Picarelli (Foto: Marcos Maluf)
Ex-deputado e apresentador, Maurício Picarelli (Foto: Marcos Maluf)

Diretor geral do Campo Grande News, o empresário e jornalista Lucimar Couto também prestou suas homenagens no local. Aprendeu muito do que sabe sobre jornalismo com a referência no passado, relembra. "Comecei no Correio do Estado em 1977, como auxiliar de jornalismo. Ele me ensinou bastante. Era duro, 'rasgava' nossas pautas, mas ensinava. Foi como um professor de jornalismo", diz.

Na redação, era chefe. Na rua, era amigo e boa companhia nos butecos, acrescenta Lucimar. "Não tem como contar a história do jornalismo de Mato Grosso do Sul sem enaltecer a figura de Antonio João", conclui, com admiração.

Diretor geral do Campo Grande News, Lucimar Couto (Foto: Marcos Maluf)
Diretor geral do Campo Grande News, Lucimar Couto (Foto: Marcos Maluf)

O vereador de Campo Grande, Silvio Pitu (PSD), foi outro que passou para se despedir. Ele afirma que lembrará dele como um "mito da comunicação". "Costumo dizer que foi um dos meus padrinhos no começo da minha história política. Desde que iniciei meu mandato, todo mês ele ia lá para a gente bater um papo. Era um cara que tinha um coração muito grande. Deixa um legado, deixa saudades. Na vida, a gente tem que ter gratidão, e eu tenho pelo Antonio João".

Sobre a morte - Antonio João morreu aos 75 anos, após não resistir a mais uma parada cardíaca nesta segunda-feira (18). Ele estava internado no Hospital do Coração, em Campo Grande.

Diabético, o jornalista havia passado por um cateterismo e, na última quinta-feira (14), infartou pela primeira vez.

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