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Capital

Centro comunitário abandonado é "casa" de mulher há 15 anos e alvo de disputa

Segundo moradores, o problema começa com a presidente que assumiu há 12 anos e se recusa a deixar o cargo

Por Idaicy Solano | 10/10/2023 13:08
Local está abandonado e serve de moradia para Márcia, idosa de 61 anos que mora no prédio há 15 anos (Foto: Marcos Maluf)
Local está abandonado e serve de moradia para Márcia, idosa de 61 anos que mora no prédio há 15 anos (Foto: Marcos Maluf)

De portas fechadas e em situação de abandono, o Centro Comunitário do Bairro Aero Rancho, em Campo Grande, é centro de disputa entre dois representantes da Associação de Moradores local. A estrutura ainda serve de moradia para Márcia Maria Antunes da Silva, de 61 anos, que se mudou para o local em 2008 para prestar serviço à Associação em troca de moradia e desde então não tem outro lar. Atualmente, a mulher vive no local sob condições precárias.

Por fora, o prédio aparenta estar bem cuidado, mas no interior a casa está com as fechaduras da porta quebradas, os sanitários dos banheiros foram arrancados, a mobília furtada e o quintal está tomado por matagal. Márcia diz que a única sala preservada é a que a presidência utiliza para guardar objetos pessoais.

Conforme apurado no local, uma geladeira e um fogão foram furtados. Uma moradora, que preferiu não se identificar, pois tem medo de represálias, disse que a presidente que assumiu há 12 anos se recusa a deixar o cargo. “Antes havia cursos, atendimentos a crianças. A administração atual sumiu com tudo”, resumiu.

Conforme apurado no local, apenas a sala que a presidente utiliza para guardar objetos pessoais está preservada (Foto: Marcos Maluf)
Conforme apurado no local, apenas a sala que a presidente utiliza para guardar objetos pessoais está preservada (Foto: Marcos Maluf)

Impasse - O 'atual' presidente do bairro, o professor Roberto Mateus de Oliveira Galvão, conta que foi eleito para assumir a associação dos moradores em eleição realizada no dia 28 de junho deste ano, em que disputou o cargo com a presidente anterior.

O problema começou porque, segundo o professor, a presidente anterior procurou o cartório um dia antes da eleição para registrar a ata das eleições de 2019, com mandato de quatro anos, sendo que conforme o estatuto da associação, cada mandato tem o período de apenas três anos. Dessa forma, o mandato que deveria acabar em dezembro de 2022 foi prorrogado para dezembro de 2023.

Fachada da associação está bem cuidada, mas o interior está precário (Foto: Marcos Maluf)
Fachada da associação está bem cuidada, mas o interior está precário (Foto: Marcos Maluf)

O professor explica que a ata das eleições de 2019 não havia sido registrada pela presidente anterior até então, e que no dia seguinte à eleição deste ano, procurou o cartório para registrar a ata de seu mandato, que deveria começar a vigorar este ano. Como os dois registros foram aceitos, ele não pode assumir.

Agora, Roberto aguarda a decisão do cartório sobre qual ata vai prevalecer. Se o registro da presidente anterior vigorar, uma nova eleição precisará ser feita em dezembro desde ano.  “Para não ter problema, estou deixando ela, e estou esperando a justiça decidir. Não gosto de entrar lá [no prédio da associação], para não dar problema".

A reportagem tentou localizar a mulher que, até o momento, ainda é representante da associação, mas nenhum dos moradores tem o telefone atual dela. Na visita ao bairro, também não foi possível localizá-la.

Precariedade - Durante visita ao prédio da associação, a reportagem encontrou Márcia Maria Antunes da Silva, 61 anos, que mora na sede da associação há 15 anos. Ela foi morar lá em 2008, após uma candidata a vereadora na época lhe pedir ajuda na campanha, para fazer um trabalho social no bairro em troca de morar na associação. Como Márcia não tinha onde morar e não tem família em Campo Grande, ela aceitou. O presidente da época também concordou em ceder o espaço para a moradia de Márcia.

Márcia relata que quando a nova presidente assumiu, as atividades no centro comunitário começaram a minguar e desaparecer. Segundo a idosa, a gestora cuida apenas da fachada do prédio, para "passar a impressão de que alguém cuida daqui".

Márcia coloca um pedaço de madeira para segurar a porta do quarto onde dorme; local não tem segurança e já foi invadido três vezes (Foto: Marcos Maluf)
Márcia coloca um pedaço de madeira para segurar a porta do quarto onde dorme; local não tem segurança e já foi invadido três vezes (Foto: Marcos Maluf)

A moradora conta que ela cuida do prédio como pode, em meio à situação precária em que vive. Ela afirma que a presidente tenta expulsá-la da associação, mas a idosa não sai pois não tem onde morar. Márcia sobrevive de auxílio do governo e trabalhando para moradores da região passando roupa ou limpando as casas. Márcia afirmou que o prédio ficou seis anos sem água e sem luz.

Seis anos minha filha. Seis anos não é um dia. Eu pedia água pros vizinhos. Ali onde eu trabalhava, ela tem uma mangueira e um poço artesiano, que eu colocava ali por trás e enchia meus baldes. Eu pegava meu celular pra carregar na casa dos vizinhos”, relatou a idosa.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Cerca de 20 dias atrás, Márcia relata que a presidente invadiu o prédio e colocou as coisas dela pra fora. Nessa ocasião, ela registrou boletim de ocorrência contra a mulher. “Eu pedi socorro pros vizinhos e eles acudiram e não deixaram ela me tirar daqui. Ela estava colocando as minhas coisas pra fora”.

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