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Capital

Com doença que enfraquece nervos, pedreiro luta na Justiça para aposentar

Justiça negou que o homem estivesse sem condições de trabalho e laudos comprovam doença

Por Alison Silva | 14/12/2023 10:59
Julio César Oliveira da Silva, de 57 anos, ao lado do filho, Júlio André Santos da Silva (Foto: Alison Silva)
Julio César Oliveira da Silva, de 57 anos, ao lado do filho, Júlio André Santos da Silva (Foto: Alison Silva)

Diagnosticado com parestesia nas mãos e nos pés, Julio César Oliveira da Silva, de 57 anos, conta apenas com auxílio do filho, Júlio André Santos da Silva, 31, para lidar com as dores que provocam perda de força nas mãos e pernas. Para muitos, o mal é temporário. Mas ele garante que no seu caso a compressão de nervos chegou ao estágio mais grave.

Sem trabalhar, desde 2018, o ex-pedreiro que descobriu a doença após ser internado por problemas estomacais, vive sozinho em uma kitnet alugada no Jardim Tijuca, enquanto busca retomar o BPC-Loas (Benefício de Prestação Continuada) de assistência social de um salário mínimo, retirada no ano passado.

A decisão ocorreu em dezembro de 2022, após perícia do médico do trabalho, Paulo Roberto Silveira Pagliarelli, da 1ª Vara do Gabinete da Justiça Especial de Campo Grande.

No laudo acessado pelo Campo Grande News, o perito destacou que o ex-pedreiro não possuía comprovações médicas de que não poderia trabalhar e que apenas detinha varizes nas pernas com perda de força nas mãos, que, naquele momento, não comprometiam “suas atividades laborais”.

Antes da decisão, ele recebia o dinheiro como forma de tutela da justiça. Com a negativa, o benefício foi cortado em maio. Sem o dinheiro assistencial, e sem trabalho, dois laudos deste ano comprovaram a doença. Em junho, o neurologista João Lima confirmou a doença do homem, mesma decisão da clínica geral Monalisa Mazieiro Gonçalves, em outubro último. Ambos os profissionais atuavam na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) na ocasião.

Julio André com os documentos e laudos da doença do pai, que o observa (Foto: Alison Silva)
Julio André com os documentos e laudos da doença do pai, que o observa (Foto: Alison Silva)

A luta neste momento é para retomar o benefício na justiça, sobretudo antes do fim do ano, já que as despesas são grandes, diz o filho. “Hoje são cerca de R$ 900 de despesa todos os meses. O aluguel está atrasado, tem algumas pessoas que me ajudam, mas as contas sou eu que pago”, disse o filho, que faz diárias como vendedor.

O jovem diz que o pai foi negligenciado pelo perito que tomou a decisão de retirar o benefício e que a decisão foi injusta. “Nem olharam meu pai, sequer avaliaram ele corretamente”, falou. Na casa em que vive, uma cozinha pequena, um banheiro e um quarto. Os cômodos são separados por uma  “meia-parede” com outra kitnet. “Tenho irmãos aqui, outro filho, mas quem mais me ajuda é ele (Júlio) ”, disse o ex-pedreiro, de poucas palavras.

Segundo o jovem, apenas o aluguel da kitnet é R$ 500, sem falar de alimentos e dos gastos com o remédio, cerca de R$ 70 reais, em pesquisa na internet. O medicamento que previne ataques epiléticos e ameniza as dores hoje é adquirido de graça pelo SUS (Sistema Único de Saúde) pelo ex-pedreiro, que vez ou outra busca “sacolões" no Cras (Centro de Referência de Assistência Social) no bairro em que vive.

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