Contrato continuará, mas hospital espera pagamento para retomar cirurgias extras
Número de procedimentos foi reduzido devido a falta de repasses desde abril
Desde abril deste ano, o número de cirurgias eletivas realizadas mensalmente pelo Hospital São Julião, em Campo Grande, foi reduzido. O motivo é que a instituição de saúde havia deixado de receber R$ 300 mil mensais, desde o início deste ano, da Prefeitura de Campo Grande, repassados para que 100 procedimentos cirúrgicos extras fossem feitos a cada mês, além dos 26 já previstos em contrato.
Reunião na Câmara de Vereadores da Capital, nesta quinta-feira (29), resolveu parte do problema ao garantir a renovação do contrato prevendo as 26 cirurgias e ficou acordado que será pago o valor das 100 cirurgias previstas em aditivo, que está atrasado desde o início do ano. O hospital parou de oferecer esses procedimentos em abril em função da falta de pagamento. Participaram da reunião o presidente do hospital, Carlos Augusto Melke; o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Sandro Benites; e o presidente da Comissão de Saúde da Casa de Leis, Victor Rocha, o "Dr. Victor" (PP).
Melke explicou que a renovação do contrato será feita na sexta-feira (30), permitindo que as cirurgias e serviços contratualizados continuem normalmente. O contrato prevê R$ 1,7 milhão.
O São Julião presta serviços ao município de Campo Grande há 20 anos. Cerca de 99% de seu atendimento é realizado via SUS (Sistema Único de Saúde).
Atrasados - No entanto, ficou um déficit de R$ 1,1 milhão que o São Julião assumiu por continuar recebendo encaminhamentos extras de 100 cirurgias. "Nós continuamos de janeiro a abril atendendo porque o Município continuou enviando os pacientes, apesar de não estar pagando por essas cirurgias", apontou o presidente da instituição.
A dívida ficou, mesmo o hospital apresentando maior produtividade em relação ao contratualizado. O secretário de Saúde da Capital, Sandro Benites, afirmou que vai buscar recursos para pagar o que é devido ao São Julião.
À reportagem, ele afirmou que acionará o governo estadual e deputados federais para conseguir. "Ficou resolvida a recontratualização amanhã e agora queremos conseguir 50% do recurso junto à bancada federal e 25% com Governo do Estado. Daí, vamos colocar 25% via prefeitura", detalhou Benites.
Emendas - O vereador Victor Rocha mediou a discussão entre Sesau e a direção do hospital. Ele lembrou que existem R$ 2,5 milhões em emendas federais que foram encaminhadas, mas ainda não repassadas ao hospital. "São emendas da senadora Soraya Tronick (UB), deputado federal Luis Ovando (PP) e senador Nelsinho Trad (PSD)".
O parlamentar acrescentou que a prefeitura terá que fazer suplementação para fazer os pagamentos. "E a Câmara vai autorizar suplementar, para fazer esse repasse", garantiu.
Mas as emendas parlamentares não podem ser soluções para resolver impasses assim, opinou o vereador Jamal Salem, o "Dr. Jamal" (MDB). "Não adianta depender de emenda, tem que ter recurso próprio, ou então, todo ano terá essa discussão. Tem que aproveitar esse momento para discutir como serão feitos esses repasses", disse.
Jamal destacou que está grande a fila para fazer cirurgias eletivas em Campo Grande. "Se formos agora nas Unidades de Pronto Atendimento, vamos encontrar pacientes com dor, sendo medicados, que já estão na fila aguardando cirurgia", falou.
Entre os procedimentos aguardados, o vereador cita cirurgias de hérnia inguinal, vesícula, vascular e otorrinolaringológica.