Convênio prevê R$ 242 milhões à Santa Casa, que continuará com deficit
A Prefeitura de Campo Grande oficializou contrato assinado em 8 de dezembro com a Santa Casa no valor de R$ 242.685.709,68 para os próximos 12 meses, sendo R$ 20,2 milhões por mês, a partir da data de assinatura do documento. Para o presidente da Associação Beneficente de Campo Grande, Esacheu Nascimento, na verdade o valor para assistência à saúde é de R$ 17,8 milhões e a entidade continua precisando de mais R$ 2,5 milhões para fechar as contas no fim do mês.
Esacheu explicou que, dos R$ 20,2 milhões repassados pela prefeitura, que é gestora plena da saúde e faz o repasse dos governos Federal e Estadual, R$ 2,2 milhões são para pagamento de empréstimo feito na Caixa Econômica Federal em razão de deficit anterior, que obrigou a entidade a recorrer a rede bancária para cobrir seus custos. “Temos que evitar que isso ocorra novamente. Por isso, vamos ajustar nosso atendimento”, comentou ele, acrescentando que ao final, restam R$ 17,8 milhões para assistência à saúde.
Segundo Esacheu Nascimento, em 90 dias a Santa Casa pretende ajustar o atendimento de atenção à saúde na tentativa de reduzir a zero o deficit mensal de R$ 2,5 milhões para evitar consequências ainda mais graves para a entidade. “Não podemos continuar financiando a saúde pública”, observa o presidente do Hospital.
Esse ajuste pode causar redução no atendimento da demanda vinda do interior do estado. Conforme Esacheu, que também é membro da Federação dos Hospitais Beneficentes e Filantrópicos de Mato Grosso do Sul, a situação das 43 unidades hospitalares que compõem a entidade é bastante delicada. “Temos hospitais fechando no interior por falta de recurso e já pedimos socorro ao governo estadual por não podermos sustentar o atendimento”, destacou.
Nos próximos três meses, segundo o presidente, a Santa Casa vai apresentar o custo real do atendimento de atenção à saúde, mas Esacheu adiantou que hoje, cerca de 20 a 30% da demanda vêm do interior do estado. “Vamos exigir do sistema de regulação da prefeitura (da Capital), que é gestora plena, para decidir sobre o atendimento. Não temos como atender Campo Grande e o interior se não tiver mais recursos”, alertou.
Esacheu Nascimento disse estar preocupado com o fato do aumento de pacientes vindos do interior do estado nos últimos meses. Para ele, hospitais dos municípios estão reduzindo o atendimento e encaminhando a demanda para a Capital.
“Temos uma estatística nacional que mostra que o recurso enviado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) cobre apenas 64% do custo do atendimento à saúde. “Por isso, dependemos de complementação de verba do estado e município pelo justo preço do serviço”, afirmou o presidente da Santa Casa, lembrando que não existe transferência voluntária para as unidade hospitalares, “mas sempre após comprovação de gastos auditados”.
O repasse foi oficializado em edição extra do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) publicado no fim da tarde dessa quinta-feira e formaliza a contratação dos serviços de saúde ofertados pela Santa Casa pelo SUS.