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Capital

Crianças perdem aula para não enfrentar rua que vira rio

Aline dos Santos e Ricardo Campos Jr. | 02/03/2011 12:20
Enxurrada vira diversão perigosa para crianças. (Foto: João Garrigó)
Enxurrada vira diversão perigosa para crianças. (Foto: João Garrigó)

Dia de chuva forte é dia sem aula para muitas crianças do Jardim Tayná, atrás do Parque dos Poderes, em Campo Grande. O motivo é que a rua São Luiz de Cáceres vira um rio e os pais temem que os filhos enfrentem a enxurrada.

“Se chove, não sai de casa. Sei que não pode faltar aula. Mas fazer o que?”, relata Genevaldo Braúna Cândida de 44 anos, pai de dos filhos. Quando pode, ele paga gasolina para que um vizinho leve seus filhos. “Mas não tenho condições de fazer isso todo dia que chove”.

Ele e esposa Elenita de Souza Santos, de 31 anos, são donos de um pequeno comércio na rua e assistem a via sem asfalto virar rio a cada chuva forte e, depois, um lago, pois a água empoça.

Em dia de chuva, como nesta quarta-feira, a enxurrada que serpenteia pelas erosões da via vira diversão perigosa para as crianças, no retorno da escola para a casa.

A vendedora Maria Luíza Alves de Brito, de 33 anos, conta que hoje não mandou os filhos para a escola. “É muito perigoso, tem até caco de vidro jogado aí”, afirma, apontando para a rua.

Enxurrada transforma rua em rio em bairro da Capital. (Foto: João Garrigó).
Enxurrada transforma rua em rio em bairro da Capital. (Foto: João Garrigó).

Com o primo no colo e guarda chuva em punho, a estudante Jessikely da Silva, de 17 anos, tentava se equilibrar na água. Ela foi buscar o menino no Ceinf (Centro de Educação Infantil), localizado no bairro Estrela Dalva.

A estudante conta que na semana passada teve a casa alagada pela água da chuva. Ela mora com os pais e quatro crianças. “A gente tentou salvar o que podia”, recorda.

Na rua, muitos moradores colocaram barreiras próximas às casas para pôr fim aos transtornos dos alagamentos. Além da erosão, a via também exibe grande quantidade de entulhos.

“Antes do Natal, a prefeitura mandou pôr o lixo para fora, que iam passar recolhendo, mas isso não aconteceu”, conta Maria Luíza.

A enxurrada que corre pela rua São Luiz de Cáceres desemboca avenida Atlantas. Caminho do ônibus, a avenida é asfaltada, mas acaba coberta pelas pedras. “São pedras grandes. Tem perigo de um motociclista bater e cair”, afirma a dona de casa Solange Rodrigues dos Anjos, de 49 anos.

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