Atropelamento de crianças tem se tornado frequente na Capital
Em quatro meses, foram cinco atropelamentos, sendo o último nesta quinta-feira
Desde fevereiro deste ano, ao menos cinco crianças foram atropeladas em Campo Grande. Dentre as vítimas, três morreram e a maioria envolveu caminhões. Os acidentes aconteceram em vias diversas, o que evidência que o problema não é especifico de um único bairro, mas está se tornando cada vez mais freqüente em pontos variados da Capital.
No dia 2 fevereiro, um menino de 11 anos morreu após ser atropelado por um caminhão na Vila Eliane. Outro garoto, de apenas 6 anos, morreu após ser colhido por um veículo de passeio, no bairro TV Morena, no dia 7 de abril.
Já no dia 25 do mesmo mês, a vítima foi uma menina, também de 6 anos, que foi atropelada por um caminhão no bairro Tiradentes e teve traumatismo craniano. Dois dias após, no dia 27 de abril, um menino de 9 anos morreu após ser atropelado também por caminhão, no Jardim Montevidéu.
Na manhã desta quinta-feira (5), por volta das 7h, a vítima foi uma menina de 7 anos. O acidente aconteceu em frente ao condomínio em que ela havia se mudado há pouco tempo, na Avenida Tamandaré, entre as ruas Tietê e Délia - Vila Planalto.
A garota está em estado grave e foi levada pelo Corpo de Bombeiros para a Santa Casa. Ela apresenta cortes no rosto e fraturas na perna esquerda.
De acordo com testemunhas, a menina estava indo para a Escola Municipal, que fica há três quadras do local, quando foi atingida por uma motocicleta. O condutor era um adolescente de 16 anos, que seguia em alta velocidade pela Tamandaré, sentido bairro-centro.
“Ela estava atravessando a rua junto com uma outra menina, que aparentava ser um pouco mais velha. Pelo que deu pra perceber, no meio da travessia ela se assustou com a moto e quis voltar para a calçada, mas foi atingida. O motociclista vinha muito rápido e atingiu com tudo a menina. Ela voou e caiu no chão, depois eu não quis mais ver nada. Foi bem feio”, detalha o padeiro Aldo Penze de Souza, de 46 anos.
Ele estava em frente a padaria que trabalha, que fica na esquina do local do acidente, e presenciou o atropelamento.
Já o vizinho do condomínio, Fabiano Barbosa, de 31 anos, conta que a mãe da garota desmaiou ao ver a filha sendo socorrida pelos bombeiros. “Foi um tumulto aqui na frente. As pessoas ficaram assustadas com o que aconteceu. Da minha casa ouvi o barulho, mas não achei que tinha sido com uma criança”, diz.
Sinalização - A principio, o acidente desta manhã foi provocado pela imprudência do motociclista, que seguia sem habilitação e em alta velocidade. No entanto, os moradores da região denunciam que falta sinalização na via.
A aposentada Edite Ribeiro Terra, de 75 anos, explica que a Avenida Tamandaré e a Rua Tietê servem de ligação para diversos bairros vizinhos, como a Vila Sobrinho, Santo Amaro e Coophatrabalho.
“Tem movimento nesse cruzamento. È ônibus, caminhão, carro, moto o dia inteiro. As pessoas passam por aqui para irem para outros bairros, é uma ligação. E a Tamandaré virou uma pista, sem quebra-molas e sinaleiro”, diz.
Ela reivindica a instalação “urgente de um semáforo no cruzamento”. Além das vias serem apontadas como ligação para vários bairros, um hipermercado e uma escola próximas do local também são responsáveis pela grande quantidade de pedestres na região.
Diariamente, a aposentada Nirce Ortega, de 63 anos, enfrenta o desafio de atravessar a Tamandaré com os dois netos, um de 4 anos e a menina de 7 meses.
“Tenho medo, a gente grudado na mão desse maior de 4 anos. É comum acidentes por aqui, as pessoas não respeitam mesmo”, diz.
Em menos de uma hora, a reportagem flagrou ultrapassagens proibidas no local, além do grande fluxo de veículos, sendo a maioria em alta velocidade.
Há menos de duas quadras, em frente ao hipermercado, foi instalado um semáforo.