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Capital

Em protesto na Funai, indígenas pedem "impeachment" de cacique de Miranda

Grupo pede que Funai oficialize eleição fora de época e destitua atual cacique, com mandato até 2025

Silvia Frias e Guilherme Correia | 21/06/2023 10:00
Grupo de indígenas terena em frente à sede da Funai, na Capital. (Foto: Guilherme Correia)
Grupo de indígenas terena em frente à sede da Funai, na Capital. (Foto: Guilherme Correia)

Cerca de 20 indígenas terena da Aldeia LaLima, em Miranda, estão na sede da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), em Campo Grande, reivindicando ajuda do órgão para oficializar a eleição do novo cacique, realizada no dia 23 de maio. O grupo reclama da gestão atual, alegando problemas no sistema escolar e desrespeito aos anciãos.

O atual cacique é João Batista Pires da Silva, com mandato até 2025. Porém, no dia 23 de maio, a comunidade se reuniu e fez outra eleição, com posse no dia 2 de junho do eleito, o cacique Gilson Gomes Pinheiro, com participação de cerca de 300 indígenas.

Pinheiro também está entre os manifestantes hoje em Campo Grande e pede intervenção da Funai para oficializar o resultado. “A comunidade se revoltou, já foi feita a troca, a gente só quer o respaldo da Funai na questão da organização interna”.

Cacique Gilson Pinheiro, eleito em maio e reivindica posse. (Foto: Guilherme Correia)
Cacique Gilson Pinheiro, eleito em maio e reivindica posse. (Foto: Guilherme Correia)

Segundo o eleito, o cacique atual não aceitou o resultado. Durante a eleição, segundo Pinheiro, João Batista pegou a ata e rasgou e diz que não irá deixar o cargo.

Pinheiro diz que é preciso fazer a mudança. “A aldeia está muito bagunçada”. Diz que há funcionários sem qualificação na escola, não há respeito com os anciãos e crianças, há grande problema de alcoolismo e uso de drogas e teme aumento da violência.

O coordenador da Funai em Campo Grande, Elvis Terena, disse que essa é questão interna e que o órgão não poderia interferir, já que Batista tem mandato até 2025. A eleição é realizada a cada 4 anos.

A reportagem falou com o cacique João Batista e ele disse que foi eleito por duas vezes, a partir de 2017, com cerca de 400 assinaturas. Acredita que o levante é disputa interna e afirma não ter sido consultado nas reuniões. “Só quero terminar meu mandato”.

A Aldeia LaLima tem área de 2,9 mil hectares e população formada por 1,5 mil pessoas, segundo dados do site da Funai.

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