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Capital

Entre 276 moradores de rua presos, 85% admitem usar drogas

Balanço foi divulgado na tarde desta segunda-feira (21), pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul

Gustavo Bonotto | 21/08/2023 21:33
Homem dormindo em pequena praça da Capital, na região do Bairro São Francisco (Foto: Arquivo)
Homem dormindo em pequena praça da Capital, na região do Bairro São Francisco (Foto: Arquivo)

Depois de atender mais de 20 pessoas em situação de rua na antiga rodoviária de Campo Grande, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul revelou que a grande maioria está nessa situação por conta do uso de algum tipo de droga, incluindo álcool. A realidade aparece no balanço anual sobre audiências de custódia, divulgado na tarde desta segunda-feira (21).

O relatório, que leva em consideração o período entre julho de 2022 a julho de 2023, aponta que 276 pessoas em situação de rua foram presas nesse período, representando 8% sobre o total de 3.484 audiências realizadas da Capital. Todas elas foram defendidas gratuitamente pelo órgão.

Do total, 78 pessoas tinham entre 30 e 34 anos e apenas 5 possuíam mais de 60 anos no momento da prisão em flagrante. Outros 186 não possuíam documentos e apenas uma era de nacionalidade paraguaia, sendo o restante brasileiros.

O que mais chama atenção é que 235 alegaram o uso de substâncias psicoativas, a maioria usa pasta base (208), chamada "zuca", considerada hoje uma epidemia que cria dependência praticamente instantânea e leva a pessoa à degradação física e social em poucas semanas.

Dos atendidos pela defensoria, 48 disseram usar álcool, 33 maconha, 26 de cocaína e 22 de crack, droga até então pouco vista na cidade.

O mais complicado para os defensores é que, durante as prisões, 137 estava sob o efeito de substâncias psicoativas. No grupo, todos os 235 disseram desejar passar por tratamento, apesar de 134 admitirem que já tentaram largar a dependência.

Do número integral do grupo, 249 pessoas se identificaram do gênero masculino, 22 feminino e cinco delas na população LGBTQIAP+. 113 eram reincidentes, 163 eram primários.

Com relação à situação ocupacional, 118 faziam bicos no momento da prisão e 87 estavam desempregados, mas apenas dois possuíam registro em carteira. Sobre a escolaridade, 178 possuíam apenas o ensino fundamental incompleto, 2 o ensino superior completo e 4 eram analfabetos funcionais.

Ainda segundo o balanço, o quantitativo total e exato de pessoas que passaram por audiência de custódia não é conclusivo no material divulgado, haja vista a possibilidade de uma pessoa ter passado mais de uma vez pelo ato.

O estudo - De acordo com o coordenador Daniel Calemes, responsável pelo Nucrim (Núcleo Criminal), o levantamento foi motivado pelo estigma da exclusão de pessoas que moram nas ruas da Capital.

"É um público que tanto o Nucrim como o Núcleo dos Direitos Humanos atendem com frequência. Por ser o primeiro, também vai garantir uma base para atenção e acompanhamento contínuo deste grupo", finalizou Calemes.

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