Espalhadas pela cidade, "lombofaixas" ainda geram reclamações sobre desrespeito
Pedestres têm medo de serem atropelados por motoristas “apressados” que não querem esperar a passagem
Implementadas para garantir a segurança dos pedestres, as faixas elevadas de travessia estão espalhadas pelas ruas de Campo Grande. Nos últimos anos, a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) tem investindo na instalação de "lombofaixas", que combinam a sinalização horizontal das faixas de pedestres com o formato de uma lombada. Mesmo tanto tempo depois das primeiras instalações, o uso delas ainda gera muitas reclamações tanto de pedestres quanto de motoristas e motociclistas.
Essa combinação serve como um lembrete aos condutores para que reduzam a velocidade e prestem atenção à travessia de pedestres, mesmo que não haja alguém atravessando naquele momento.
A implantação de faixas elevadas ajuda na travessia em vias próximas a escolas, unidades de saúde, mercados e estabelecimentos com grande fluxo de pedestres.
Exemplo disso é a “lombofaixa” em frente à UBS (Unidade Básica de Saúde) do Aero Rancho, na Avenida Rachel de Queiroz. Entretanto, mesmo com a medida implantada, moradores da região apontam que existem motoristas que não fazem a parada obrigatória para a passagem dos pedestres.
A pensionista Elisângela Mendes Bastos, de 47 anos, trabalha em uma banca em frente à UBS do Aero Rancho e compartilha que diariamente motoristas avançam pela faixa, sem respeitar a travessia das pessoas. Ela também destacou que a infração ocorre mesmo em frente a uma unidade de saúde. "Quando eu vou atravessar, noto que não respeitam, não param. E nem mesmo sendo em frente a um posto de saúde."
Para a lojista Dicla Yoshiekato, de 44 anos, que constantemente faz uso das faixas elevadas, a medida é positiva, mas ainda existem momentos em que motoristas “apressados” não esperam a passagem dos pedestres.
“Eu vejo que existem muitos motoristas que não respeitam a faixa de pedestre comum e nem a elevada. Acho que precisa ter um pouco de educação no trânsito, especialmente para os nossos motoristas”, comenta Dicla.
Moradora do Aero Rancho, a enfermeira Edilaine Reis, 31 anos, também é uma das pedestres que nota o frequente desrespeito no trânsito, especialmente na hora de atravessar. "Existem uns 'engraçadinhos' que passam, mesmo quando estamos atravessando. Então eu sempre olho para os dois lados, porque dá medo de ser atropelada”.
Mesmo com situações de desrespeito, os pedestres reforçam que a implantação das “lombofaixas” melhoraram a segurança dos pedestres. "Passo diariamente por aqui. Eu acho que os motoristas respeitam mais as faixas elevadas, já nas normais, acho que não. Então com a faixa elevada ficou muito melhor para atravessar", relata o funcionário público Heitor Victor, de 25 anos.
Para Edilaine, em avenidas movimentadas, as faixas elevadas dão mais segurança na hora de atravessar. “Eu acho que a faixa elevada é melhor que a faixa normal, porque obriga o motorista a reduzir a velocidade”.
Regras - A arquiteta Makcelly Campos, de 34 anos, acredita que as faixas elevadas são uma medida recente que frequentemente causa confusão entre motoristas e pedestres, especialmente em relação à prioridade de passagem.
“Quando estou dirigindo, sempre faço sinal para a pessoa passar. Acredito que essa dúvida exista porque é uma coisa que foi implantada recentemente e muitas pessoas ainda não estão tão educadas”, relata a Makcelly.
Conforme regulamenta o artigo 70 do CTB (Código Brasileiro de Trânsito), o pedestre tem prioridade para atravessar quando estiverem na faixa, em exceção em locais com semáforo. Entretanto, o pedestre também tem a responsabilidade de mostrar a intenção de travessia de forma clara.
A arquiteta também comenta que passa com frequência pela faixa elevada da Rua Ricardo Brandão e que nota o despeito às regras por ambas as partes. “Os pedestres também precisam parar e ver se o carro parou. Muitas vezes as pessoas acabam atravessando sem olhar. E os motoristas também precisam prestar atenção, para saber se vem um pedestre próximo da faixa”.
Muitos podem não estar cientes, mas a legislação de trânsito brasileira estabelece que pedestres também estão sujeitos a multas. Essa norma está prevista no CTB desde a sua primeira edição, em 1997, mas apenas entrou em vigor em 2019.
O artigo 254 do CTB proíbe que pedestres permaneçam ou andem nas pistas de rolamento, a menos que seja para cruzá-las nos locais permitidos. A penalidade por atravessar fora da sinalização correta é considerada de grau leve, e o valor da multa corresponde a cinquenta por cento do valor de uma infração leve, isto é, R$ 44,19.
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