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Capital

Estelionatário faz de cela escritório e dá golpe em paciente com câncer

Graziela Rezende | 03/02/2014 11:28
Valfrido em depoimento na 1ª D.P. Foto: Marcos Ermínio
Valfrido em depoimento na 1ª D.P. Foto: Marcos Ermínio

Enquanto solto, Valfrido Gonzalez Filho, 34 anos, aplicava dos mais diversos golpes em Campo Grande, passando-se por médico, advogado, delegado, desembargador, supervisor de hospitais, padre, pastor e até vereador. No entanto, preso desde agosto de 2012, o estelionatário transformou a cela do presídio em um “escritório” e, apenas com um telefone celular em mãos, ele passou a fazer vítimas também em São Paulo e no Paraná.

“O modo de agir dele já é conhecido da Polícia em quase todo o país, por isso as pessoas sempre estão me enviando ocorrências registradas em outras cidades. Nesses casos, Valfrido se passa por médico, oferecendo remédios a preços mais baratos e também exigindo dinheiro para custear o tratamento”, diz o delegado Wellington de Oliveira, responsável pelas investigações.

Em Campo Grande, na sexta-feira (31), Valfrido aplicou o golpe em uma vítima do Hospital do Câncer. “Ele se passou por um oncologista que trabalha lá e inclusive a vítima compareceu na delegacia. O curioso nessa historia é que o médico retornou a ligação para ele, que novamente se identificou como Dr. Paulo e na ocasião ele pediu desculpas, mas ressaltando que iria continuar com o seu trabalho”, conta o delegado.

Este é o golpe mais recente, no qual ele contava com a ajuda de uma namorada, que tinha os valores depositados em sua conta bancária. Já no Paraná, em janeiro deste ano, cinco pacientes em Curitiba compareceram a delegacia. Os casos envolvem os hospitais Marcelino Champagnat, Constantini, Erasto Gaertner, Pequeno Princípe e Nossa Senhora das Graças.

Na Capital Paulista, ele é suspeito de entrar em contato com a mãe de uma paciente internada na Maternidade Celso Pinheiro. “Ele ligou diretamente para a mãe de uma paciente, dizendo que ela estava com uma célula e, caso não tomasse o medicamento correto, evoluiria para um câncer. A vítima então repassou R$ 7,5 mil a ele”, comenta o delegado.

Nos hospitais Sírio Libanês e Alberto Einsten, recentemente Valfrido ligou para parentes, se identificando como Dr. Pablo, o mesmo profissional que atendia a vítima. “Ele inclusive repassou por MSN o número da conta que as pessoas deveriam fazer o depósito, sendo 4 transferências que totalizaram R$ 10 mil”, diz o delegado.

Em julho de 2013, Valfrido já havia aplicado golpes no mesmo hospital, sendo que recebeu R$ 7,6 mil de uma pessoa e R$ 1,1 mil de outra no hospital Santa Izabel. Todos os valores chegavam à conta da sua namorada, identificada como Aliria Vera da Paixão. Esta jovem, que inclusive o visitava com frequência no Estabelecimento Penal de Segurança Máxima, também poderá ser indiciada por estelionato.

“Cada ocorrência registrada se tornará um inquérito policial em separado, o que agravará a pena do Valfrido. Neste período, a namorada sacava imediatamente os valores da sua conta bancária e guardava em casa”, explica o delegado.

Alerta – No caso de hospitais, o delegado ressalta que as unidades deveriam alertar os pacientes e até mesmo os parentes sobre possíveis golpes. Outra medida também seria a colocação de panfletos informativos nestes locais.

“As pessoas devem saber que o médico jamais liga para pedir dinheiro para remédios, principalmente porque este tipo de negociação deve ser feito pessoalmente. E também não repassam contas de terceiros para depósito”, diz.

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