Falta de leitos continua e Saúde admite não sanar caos em 20 dias
Apesar da pressão do MPE (Ministério Público Estadual), a falta de vagas em hospitais de Campo Grande voltou a atormentar famílias e a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) admitiu que não vai conseguir resolver o problema em 20 dias. O prazo foi estipulado e já prorrogado uma vez pela promotora Filomena Aparecida Depólito Fluminhan.
Por volta das 20h de sábado (30), a família de Edemilton dos Santos Junior, 35 anos, chegou para pedir socorro na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da Vila Almeida. Após enfrentar parada respiratória, ele deu entrada na unidade com hemorragia gástrica e precisando de uma transfusão de sangue.
“Ele tem cirrose, já teve AVC (Acidente Vascular Cerebral) e a situação era grave, mas não tinha vaga em nenhum hospital da cidade”, contou a mãe, Maria José Matos dos Santos, de 56 anos. O problema, segundo ela, só foi resolvido por volta das 13h30 de hoje (1). “Quando surgiu a vaga na manhã de hoje, o médico disse que não tinha maca para transportá-lo”, completou.
Desesperada, a família entrou até em contato com a primeira-dama da Capital, Andréia Olarte. “Quando ela me ligou, estava com meu filho, entrando na ambulância”, contou Maria José. Depois de 32,5 horas de espera, Edemilton conseguiu chegar ao Hospital Regional.
Problema remanescente – Após investigação e conferir in loco a superlotação das UPAs dos bairros Coronel Antonino, Universitário e Vila Almeida, o MPE deu, no dia 15 de agosto, 10 dias para a prefeitura apresentar uma solução ao problema. “Tem gente que espera sete dias por uma vaga nos hospitais da cidade”, disse Filomena Aparecida, titular da Promotoria de Justiça de Saúde Pública.
No último dia 20, ela se reuniu com o secretário municipal de Saúde, Jamal Salem, e esticou o prazo para mais 20 dias. Na ocasião, o secretário informou pedir 12 leitos de CTI (Centro de Tratamento Intensivo) à Santa Casa, seis leitos ao Hospital do Pênfigo, 10 ao Hospital Regional e mais 10 ao Hospital da Criança, que vai ainda vai ser inaugurado.
Hoje (1), Jamal admitiu que será difícil viabilizar os leitos no prazo estipulado pelo MPE. “É complicado, estamos tentando fazer no prazo, o objetivo era fazer em tempo, mas não tem como fazer do dia para a noite, é preciso treinar o pessoal, porque precisa ter experiência para trabalhar no CTI e precisa chegar mais materiais”, alegou.
A negociação mais adiantada, conforme ele, é com a direção do Hospital Regional. “Vamos transformar a área azul em amarela, exatamente para desafogar demanda dos postos de saúde”, frisou. Só a Santa Casa, pede quase um milhão por mês para atender o pedido da prefeitura.
Macas – Sobre a suposta falta de macas, o coordenador do Samu (Serviço de Antedimento Móvel de Urgência), Eduardo Cury, descartou a possibilidade. “Essa história não existe, temos macas reservas, porque jamais vou parar uma ambulância por falta do equipamento”, afirmou.
Ele também afastou ausência de ambulância para transportar o paciente. “Temos 12 macas circulando, das quais seis são novas e estamos regulando bem, porque não fazemos transporte social, por influência política, não recebemos carteirada”, ressaltou. Cury ainda informou que “o plantão de final de semana, dentro das dificuldades, foi relativamente tranquilo”.