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Capital

Investigadas, lojas maçônicas não têm restauração e certificado de bombeiro

Promotoria investiga Prefeitura, governo e proprietários pela falta de preservação de duas lojas, bens tombados como patrimônio cultural

Izabela Sanchez | 26/04/2019 11:55
Loja Maçônica Oriente Maracaju, na Avenida Calógeras (Foto: Marina Pacheco)
Loja Maçônica Oriente Maracaju, na Avenida Calógeras (Foto: Marina Pacheco)

Mato Grosso do Sul “plantou” ali uma das primeiras sementes separatistas. Foi na década de 1930, quando instalou, em uma loja maçônica da Rua Calógeras, a sede do “governo revolucionário do estado de Maracaju”, até 1933, sob a presidência de Vespasiano Martins, movimento que apoiava a Revolução Constitucionalista de 1932. Agora, o prédio histórico construído em 1923 pelo engenheiro Camillo Boni entrou na mira do MPMS (Ministério Público Estadual).

Além da Loja Maçônica Oriente Maracaju, a Estrela do Sul, na Rua José Antônio - prédio construído em 1954 - também é objeto de investigação da 42ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, inquéritos conduzidos pela promotora Andréia Cristina Peres da Silva.

Os dois prédios, tombados como patrimônio cultural, são investigados pela falta de restauração e de projeto do Corpo de Bombeiros para prevenção de incêndio e pânico. Por ser bem tombado pelo município e pelo estado, a loja maracaju tem como alvos da investigação Prefeitura, governo e proprietários. Já a estrela do sul é apenas tombada pelo município e, dessa forma, Prefeitura e donos têm responsabilidade na investigação.

Portão da loja maçônica oriente (Foto: Marina Pacheco)
Portão da loja maçônica oriente (Foto: Marina Pacheco)
Loja maçônica estrela do sul (Foto: Marina Pacheco)
Loja maçônica estrela do sul (Foto: Marina Pacheco)

A promotora utiliza como bojo dos inquéritos civis o “Relatório do Estado de Conservação dos Bens Tombados pelo Município de Campo Grande-MS-2017” da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo). O documento aponta boa preservação para os dois prédios, mas faz um alerta para problemas no teto, falta de restauração e risco de incêndio.

Na loja maçônica oriente Maracaju, o relatório cita “ambiência praticamente toda descaracterizada, telhas quebradas, calhas entupidas, erosão de materiais na vedação externa e ausência de projeto de incêndio”.

Na Estrela do Sul, por sua vez, o alerta é para “telhas quebradas, perda e erosão de materiais na vedação externa, vegetação incrustada, manchas e ausência do projeto de prevenção contra incêndio”.

Loja maçônica estrela do sul (Foto: Marina Pacheco)
Loja maçônica estrela do sul (Foto: Marina Pacheco)

No dia 8 de abril a promotora oficiou o proprietário da Loja Maçônica Maracaju para que informe, em 15 dias, “projeto e obras emergenciais de restauro para a recuperação da cobertura e danos nas fachadas da construção histórica; projeto e obras de restauro para sanar os demais danos e plano de conservação preventivo específico e certificado do Corpo de Bombeiros”.

A promotora também pediu, na quinta-feira (2), que os bombeiros informem qual a pendência para que o certificado seja emitido. A 42ª Promotoria ainda não pediu esclarecimentos aos proprietários do Estrela do Sul.

Estátua na entrada na loja maçônica maracaju (Foto: Marina Pacheco)
Estátua na entrada na loja maçônica maracaju (Foto: Marina Pacheco)
Placa anuncia que loja maçônica abrigou a sede do "governo do estado de Maracaju" (Foto: Marina Pacheco)
Placa anuncia que loja maçônica abrigou a sede do "governo do estado de Maracaju" (Foto: Marina Pacheco)

Outro lado – A loja maçônica Estrela do Sul é propriedade da família Bortotto, adquirida há 12 anos. Um dos proprietários, Alex Bortotto Garcia, afirma que o certificado do Corpo de Bombeiros “já está sendo providenciado”.

“Estamos providenciando toda a parte de bombeiros, estamos entrando em contato, é uma loja muito antiga, ela vai ter limitações, não vai ter jeito de se fazer nos moldes que são feitos [outros prédios]. Vamos precisar conversar com os bombeiros, Ministério Público e Prefeitura, porque é um patrimônio”, disse.

Alex afirmou que a loja foi comprada pelo pai há 12 anos, recebeu uma reforma, mas ainda precisa de restauração externa. “As paredes que foram construídas não tem reboque comum e dependendo do tipo de pintura não dura nem seis meses, precisamos discutir com a Prefeitura qual o método que eles orientam”, declarou.

A reportagem enviou perguntas à Sectur e à FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), mas até a conclusão da reportagem não obteve resposta. O Campo Grande News também tentou falar com o proprietário da Loja Maçônica Maracaju, sem sucesso.

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