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Capital

Lotado, HU não aceita mais pacientes e corre risco de ficar sem medicamentos

Ricardo Campos Jr. e Yarima Mecchi | 11/03/2017 09:48
Placa na entrada do HU indica que o local está de portas fechadas (Foto: Alcides Neto)
Placa na entrada do HU indica que o local está de portas fechadas (Foto: Alcides Neto)
Corredores lotados no HU: insumos podem não dar para quem já está internado (Foto: Alcides Neto)
Corredores lotados no HU: insumos podem não dar para quem já está internado (Foto: Alcides Neto)

Corredores lotados, falta de insumos e atendimento suspenso. Esta era a situação do HU (Hospital Universitário) de Campo Grande neste sábado (11). Placas na porta da unidade avisam que o pronto socorro está fechado e quem chega ao local tem de voltar para casa ou procurar outro local para ser atendido.

Enquanto isso, médicos de plantão temem que os remédios, principalmente antibióticos, e materiais em estoque, não sejam suficientes sequer para aqueles que já estão internados.

Caso não seja solucionado o problema neste fim de semana, a direção pretende suspender também cirurgias eletivas e exames laboratoriais do ambulatório na segunda-feira (13).

Geraldo Velasquez Alves, 65 anos, fez uma cirurgia de reconstrução de colostomia e recebeu orientações do médico para voltar hoje ao HU. Ele só conseguiu entrar na unidade porque o profissional foi até a portaria buscá-lo. No entanto, a chefia de atendimento não está liberando a ficha para que ele possa fazer exames.

“Pediram para ligar para a diretora, mas ela disse que não tinha como liberar a ficha”, diz a sobrinha e acompanhante do paciente, Andrea Alves. Por enquanto, segundo ela, o idoso está sendo monitorado pelo médico.

Acompanhantes ouvidos pelo Campo Grande News reclamam que não foi dado nenhum aviso de que os exames seriam suspensos. Funcionários disseram à equipe de reportagem que tampouco pacientes transferidos de outros hospitais estão sendo aceitos.

Causas do problema - A unidade passou a ser opção para desafogar a Santa Casa no começo do ano. Entretanto, ainda não foi firmado um novo convênio entre HU e prefeitura para garantir mais recursos ao local.

Em nota, o HU afirma que tem dialogado desde junho de 2016 com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para regularizar a situação contratual de repasse de verbas.

Na segunda-feira (6), ofícios foram enviados para a Sesau, SES (Secretaria Estadual de Saúde), MPE (Ministério Público Estadual), MPF (Ministério Público Federal) e CRM (Conselho Regional de Medicina) avisando sobre tal possibilidade de fechamento do PAM caso não houvesse uma solução. Porém, o hospital alega que nada foi feito, sendo ignorado o apelo.

Segundo o HU, o valor repassado é o mesmo há 10 anos, sem nenhuma alteração. Neste ano, os recursos destinados foram R$ 4,3 milhões, referentes a dezembro do ano passado e janeiro de 2017. As despesas mensais são, em média, de R$ 4,7 milhões, segundo a unidade. Além disso, a instituição também cobra R$ 1,3 milhão que diz terem sido prometidos pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) como ressarcimento de despesas da Caravana da Saúde na Capital.

A assessoria da Sesau disse que tal notícia do fechamento do HU foi recebida com estranheza, por se tratar de uma atitude "intempestiva”.

Segundo a nota, todos os setores da prefeitura passam por dificuldades, o que não é diferente com a saúde pública, mas “em nenhum momento cogitou parar ou suspender os serviços prestados à população. De forma séria e responsável, a atual gestão tem dialogado com a instituição periodicamente a fim de encontrar caminhos, através de dispositivos legais, para assegurar o que lhe é de direito", rebate a prefeitura, afirmando também que o convênio vigente está sendo pago.

"A prefeitura entende que o hospital tem direito de reivindicar o que lhe é de direito, mas desde que isso não prejudique a população, haja vista que, como dito, as negociações estão ocorrendo", completa.

Já em contato com a assessoria da SES, a resposta dada é que a alegação do HU sobre o repasse referente a Caravana da Saúde não procede. "O HU não participou de nenhuma ação da Caravana", frisa a SES.

Ainda conforme a assessoria, o valor de R$ 1,3 milhão ao qual o HU deve estar se referindo é o de um acordo feito ano passado, ainda na gestão do prefeito Alcides Bernal (PP), mas que depende da contratualização do hospital com a prefeitura.

"É um repasse para ajudar no custeio, mas precisa do intermédio do município porque é feito fundo a fundo. A SES não pode repassar diretamente, tem que passar para a prefeitura. O recurso está disponível, aguardando que o HU cumpra critérios como levantamento orçamentário, para fechar a contratualização e fazer o repasse via prefeitura", finaliza a SES.

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