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Capital

Mulher com nome envolvido em assassinato já havia denunciado atirador

Em novembro de 2021, a acusada de furto foi atacada pelo ex-companheiro com uma faca

Mylena Fraiha | 28/03/2023 22:07
Joe no dia em que foi preso por policias da 5ª DP (Foto: Paulo Francis)
Joe no dia em que foi preso por policias da 5ª DP (Foto: Paulo Francis)

Boletins de ocorrência são apresentados como evidência das agressões sofridas por Nayara Aparecida Garcia da Silva, de 34 anos, por parte de Joe Magnun Arce de Souza, 34, que assassinou o empresário Luiz da Conceição Tierre, de 36 anos.

Essa tese da defesa dela também é reiterada pelos dois filhos de Nayara, que afirmaram na última audiência, ocorrida na tarde desta última segunda-feira (27), que a mãe era vítima de violência doméstica, por parte do outro réu, Joe Magnun Arce de Souza, 34.

A primeira ocorrência foi registrada no dia 12 de novembro de 2021, na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Na ocorrência, consta um relato de Nayara sobre ameaças de morte proferidas por Joe, durante uma ligação telefônica.

Segundo Nayara, Joe não queria aceitar o fim do relacionamento e afirmou que mataria ela e a filha de 7 anos. Ele afirmava que ela “seria uma vagabunda” e que estaria o traindo com outro homem.

Nesse dia, ela teve medo de retornar para casa e dormiu no trabalho. Também pediu para alguém buscar a filha na residência. Apesar das ameaças, Nayara não quis apresentar o caso judicialmente, porque “Joe era um bom pai”, conforme explicação dada pelo advogado de defesa de Nayara, Wanderley Dantas. Nesse dia, ela pediu apenas medida protetiva.

Na segunda ocorrência, registrada no dia 17 de novembro de 2021, Nayara afirmou aos agentes policiais da Deam que foi surpreendida por Joe no local de trabalho. Segundo ela, Joe apareceu no local com uma faca na mão e tentou atacá-la. No momento, ela estava acompanhada por um colega de trabalho, que acabou com um ferimento na região das costas.

Após atingir o colega da Nayara, Joe fugiu do local. A vítima foi socorrida por colegas e encaminhada para UPA Universitário e, posteriormente, para a Santa Casa de Campo Grande. Já Nayara, foi novamente à Deam para registrar o boletim de ocorrência.

Neste mesmo dia, conforme o boletim de ocorrência, ela recebeu uma ligação de Joe, com ameaças. “Tá contente, vagabunda? A próxima vai ser você. Eu tô indo embora com a nossa filha para a cidade de Corumbá”.

Defesa de Nayara - De acordo com o advogado de Nayara, Wanderlei Dantas, Joe tinha um comportamento obsessivo em relação a Nayara, que é reiterado pelas acusações anteriores. Ele conta que ela chegou a mudar de casa para fugir de Joe.

Após Nayara começar a se relacionar com Tierre, no final de dezembro de 2022, Joe retornou com as ameaças, inclusive, direcionadas ao novo namorado da ex. “Joe entrou em contato com o Tierre e começaram a bater boca e trocar ameaças. O Tierre falava que ia matar o Joe, mas ele decidiu tomar a ação primeiro”.

Wanderlei afirma que durante o assassinato, Nayara afirmou que não soube reconhecer o atirador, por causa do capacete que ocultava a identidade. O advogado também afirmou que o filho mais velho de Nayara, de 16 anos, levou a arma de Tierre por medo. “A Nayara conta que não reconheceu o Joe no dia do assassinato, por causa do capacete. Já o adolescente tomou a arma da mãe, porque tinha medo do que ela poderia fazer ou até se machucar, porque ela não sabia manusear. Antes da chegada da Polícia, o rapaz guardou a arma na mochila e levou para casa. Ele tinha medo de que Joe retornasse e pegasse a arma”.

Sobre o suposto furto de dinheiro, o advogado afirma que são acusações infundadas contra Nayara. "Começaram a alegar que a Nayara estava com esse dinheiro. Só que ela havia pegado dinheiro para comprar coisas para o Lava Jato. Inclusive, quem emprestava dinheiro para o Tierre era a própria Nayara. Inclusive, na denúncia do MP, nem é considerada essa questão do dinheiro, apenas da arma”.

O caso - Joe Magnun Arce de Souza responde pelo assassinato do empresário Luiz da Conceição Tierre, de 36 anos. O crime aconteceu no lava a jato de Tierre, na Avenida das Bandeiras, em Campo Grande, na manhã do dia 27 de maio do 2022.

No momento da execução, o eletricista Adriano Medeiros Pereira, de 33 anos, passava de motocicleta e morreu ao ser atingido por uma bala perdida.

Já Nayara é acusada pelos crimes de furto qualificado e  porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, por subtrair para si uma pistola calibre 380 da vítima; e por corrupção de menores, por induzir o filho, menor de idade, a esconder a arma.

Conforme a investigação policial, Tierre havia recebido cerca de R$ 60 mil em decorrência da venda de uma propriedade e Nayara, namorada dele, sabia disso. Depois da morte do empresário, o dinheiro sumiu e a única pessoa que teve acesso ao estabelecimento antes e durante o crime foi Nayara, que dormiu com a vítima, na noite que antecedeu o assassinato.

Indagada novamente na delegacia, Nayara confirmou ter ordenado ao filho que retirasse a arma de fogo do lava a jato e levasse para a sua casa. Porém, referente ao dinheiro, ela sustentou ter entregue, na sua totalidade, a outra funcionária, que ao ser ouvida na delegacia, negou. A testemunha disse que recebeu a bolsa, que pertencia a Tierre, mas com a quantia de apenas R$ 340.

Prisão - Joe foi preso no fim da manhã do dia 28 de junho de 2022, em uma chácara de familiares, dentro do balneário Atlântico. A arma utilizada no duplo homicídio, um revólver calibre 38, também foi apreendida na ocasião.

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