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Capital

“Não esperava isso dele”, lamenta mãe de vítima em julgamento de feminicida

Joelma da Silva foi morta em fevereiro deste ano com 9 facadas, sendo três delas no rosto

Por Viviane Oliveira e Bruna Marques | 15/10/2024 09:38
Sueli, mãe da vítima, lamentou por tudo o que aconteceu e disse que espera um julgamento justo (Foto: Bruna Marques) 
Sueli, mãe da vítima, lamentou por tudo o que aconteceu e disse que espera um julgamento justo (Foto: Bruna Marques)

Acusado de matar a mulher Joelma da Silva, de 33 anos, com 9 facadas, na frente dos filhos, Leonardo da Silva Lima, de 39 anos, será julgado por feminicídio nesta terça-feira (15), na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. O crime aconteceu no dia 21 de fevereiro deste ano, no Núcleo Industrial do Indubrasil.

RESUMO

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O julgamento de Leonardo da Silva Lima, acusado de feminicídio pela morte de sua esposa Joelma da Silva, de 33 anos, ocorrerá na 1ª Vara do Tribunal do Júri em Campo Grande. O crime, que ocorreu em fevereiro, chocou a família de Joelma, que lamenta a perda e destaca a necessidade de um julgamento justo. Sueli, mãe de Joelma, expressou sua dor e ressaltou que o problema do feminicídio afeta não apenas as vítimas, mas também suas famílias. Durante o julgamento, Leonardo alegou não se lembrar dos detalhes do crime devido ao consumo de álcool e negou as acusações de violência contra Joelma, que havia solicitado medidas protetivas contra ele no passado. O resultado do julgamento será divulgado à tarde.

Enquanto aguardava o julgamento começar, a mãe de Joelma, Sueli Rosa da Silva André, de 49 anos, contou que a família sofreu uma perda dupla, porque Leonardo era muito querido pela sua família. Ele foi preso horas após o crime, no mesmo dia.

“A gente não esperava isso dele. Quando você lida com uma pessoa que já te traz rejeição é diferente. Mas ele não, era uma pessoa muito amada. Foi muito difícil pra gente”, disse. Joelma deixou 5 filhos com idades entre 2 e 17 anos. A criança mais nova fez aniversário ontem (14).

Conforme Sueli, a dor da perda é muito grande e o pior é saber que depois que a filha dela foi morta, outras mulheres também foram vítimas de feminicídio. “Não é só eu que estou passando por isso. Têm muitas mães que perderam suas filhas. É um crime muito complicado, porque mexe com a outra família também. Ninguém cria um filho esperando que ele vá tirar a vida de outra pessoa”, desabafou.

Segundo ela, os homens precisam de tratamento também, não só as mulheres. “Eles têm de ter mais clareza na hora das decisões, pensar no que vai fazer, pensar nas consequências, não deixar a fúria tomar conta”. Sueli espera que o julgamento seja justo e lembrou de como sua filha era batalhadora, divertida e não deixava transparecer os problemas, além de ter sido uma super mãe. “Era uma pessoa que lutava, queria viver bem”.

Leonardo no momento em que respondia as perguntas do juiz (Foto: Bruna Marques)
Leonardo no momento em que respondia as perguntas do juiz (Foto: Bruna Marques)

Depoimento - Ao juiz Carlos Alberto Garcete e aos jurados, o réu contou que é natural da Bahia e está no Estado há 9 anos. Antes de ser preso, trabalhava com cobertura metálica. Sobre o crime, respondeu que não se lembrava dos detalhes, porque havia bebido muito no dia. O casal viveu por dois anos juntos e tiveram dois filhos.

Ao ser indagado pelo juiz sobre o depoimento da filha da vítima dizendo que ele praticava uma série de violência tanto verbal como física contra Joelma, inclusive ameaças para a mulher tirar medida protetiva, Leonardo negou.

“Não é verdade. Eu saí do Indubrasil e fui morar no Noroeste para não ter contato. Já tínhamos nos separado 10 vezes. Como ela não estava trabalhando, me ligava pedindo dinheiro para comprar as coisas e eu ia lá levar. Toda vez que ela mandava eu sair de casa eu saía, por isso eu saí umas dez vezes e ela sempre pedia pra eu voltar”, contou. Ele aproveitou a fala para pedir perdão às filhas afirmando que errou: “vou ter que pagar. Peço perdão a todo mundo que me conhece”. O resultado do julgamento será divulgado no período da tarde.

Joelma chegou a denunciar o marido por violência doméstica e pediu medida protetiva de urgência - que impede a aproximação do agressor. No entanto, entre os meses de março e maio de 2023, compareceu à justiça e pediu a revogação.

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