Perícia não consegue desvendar causa da morte de Marielly, mas reforça aborto
Não havia qualquer lesão no corpo de Marielly Barbosa, encontrada morta em um canavial de Sidrolândia, como perfurações a bala, faca ou estrangulamento. Também não foram verificads sinais de luta, as unhas dela, por exemplo, estavam intactas.
A constatação da perícia reforça a tese de que um aborto malsucedido provocou a morte, apesar dos peritos garantirem que a medicina legal não pode comprovar se ela esteve ou estava grávida quando morreu, por conta do estado de decomposição adiantado do corpo.
A perícia acredita que ela morreu no dia do desaparecimento, em 21 de maio ou, no máximo, 6 dias depois.
Sobre a suposta gravidez, o exame radiológico realizado pelos peritos não encontrou feto no corpo.
O perito diz que a gestação só é percebida por raio-X depois da 16ª semana. O exame de sangue que teria atestado a gravidez foi feito por Marielly em 28 de fevereiro, segundo a Polícia, cerca de 12 semanas antes dela desaparecer.
Existe a suspeita de que ela morreu por conta de um aborto malsucedido.
A garota foi encontrada com uma espécie de avental cirúrgico e chinelos, além de trança no cabelo, o que poderia indicar que a preparação para uma cirurgia.
Na região pélvica foi encontrada uma "massa putrefata", diz o médico legista, Ronaldo Rosa. "Mas não dá para atestar que era um feto".
Segundo ele, "essa hipótese ficará a cargo da investigação policial".
Outros pontos apresentados hoje pela perícia levam à tese de aborto. De acordo com o perito criminal, Fabiano Delfino Moreira, na região pélvica foi constatada hemorragia muita grande. O corpo foi encontrado em estado de mumificação, o que significa que ela perdeu muito líquido.
Na sandália que ela usava, também havia vestígios de sangue, o que indica que Marielly estava em pé sangrando, antes de morrer.
A Perícia acredita que ela não morreu no canavial onde foi encontrada, porque "carrapichos foram encontrados no corpo, que não existem ali naquele local", diz o perito.
"Ele (corpo) não foi jogado, foi repousado. Porque braços e pernas estavam alinhados", detalha.
O cunhado - O delegado Fabiano Nagata, responsável pela investigação, não revelou o motivo, mas disse que desde o início das investigações tem a informação de que a garota saiu de casa para fazer um aborto.
No entanto lembrou que "a perícia não deu muitos resultados que contribuam com a investigação".
Ele diz que já interrogou muita gente, ex-namorados e o namorado, que estava com Marielly há 1 mês.
Sobre a participação do cunhado, Hugleice Rodrigues, a Polícia diz que ele é um dos investigados, mas não detalha quais pistas levaram a isso.
O delegado disse apenas que Hugleice foi visto com a cunhada no dia do desaparecimento, em um supermercado da avenida Julio de Catilhos, apesar de ter garantido ao Campo Grande News que ficou o sábado todo em casa e que nem sequer deu carona a Marielly naquele dia.
O Campo Grande News apurou que a quebra do sigilo telefônico revelou também que várias ligações foram realizadas do celular dele para jovem, inclusive para o trabalho da garota.
O rapaz morava no mesmo prédio de Marielly, com a irmã da jovem, Mayara Barbosa e o filho. No dia do desaparecimento da garota, ele disse que estava em casa com a prima e que a esposa e a sogra haviam saído para visitar um tia, em outro bairro.
A prima foi ouvida, diz o delegado, e confirmou a versão de Hugleice.
Ele também trabalha na região onde o corpo foi deixado e conhece bem o local, segundo o delegado.
Em Alto Taquari (MT), a família aguarda a missa de sétimo dia para retornar a Campo Grande, diz a mãe da vítima, Eliana Barbosa. Ela garante que desconhecia gravidez da filha e diz que nunca compactuaria com um aborto.
Hugleice também nega qualquer participação no desaparecimento de Marielly.