“Playboy da Mansão” chegou a pedir desculpas a Jamil Name, diz inquérito
Marcel Colombo, que tinha desavença com “Jamilzinho”, havia procurado o pai do empresário, segundo revela depoimento
No dia 26 de outubro de 2018, uma semana depois de ver o filho, Marcel Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, 31 anos, ser executado a tiros de pistola 9 mm disparados à queima roupa, o empresário Joel Colombo, 64, prestou depoimento na 1ª Delegacia de Polícia, em Campo Grande, e contou que o filho tinha uma desavença com Jamil Name Filho por causa de briga ocorrida em casa noturna da cidade anos antes. Relatou, ainda, que Marcel chegou a procurar o “genitor” do desafeto, o empresário Jamil Name, para pedir desculpas pelo ocorrido.
Jamil Name, de 80 anos, e “Jamilzinho”, de 42, estão presos desde o dia 27 de setembro sob acusação de liderar grupo de extermínio que seria o responsável por pelo menos oito execuções no período de 10 anos, entre elas a de Marcel Colombo. As informações do pedido de autorização da prisão tem relatos de que a briga na boate nunca foi esquecida e teria motivado a encomenda da morte.
Transferidos no sábado (12) para o presídio federal de Campo Grande e com ida prevista para Mossoró, no Rio Grande do Norte, pai e filho fazem parte de grupo de 21 pessoas já denunciadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) como reflexo da Operação Omertà.
O caso do assassinato de Marcel Colombo começou a ser investigado pela delegada Daniela Kades, responsável pelo primeiro depoimento do pai do jovem, depois passou para a Delegacia Especializada de Homicídios, a cargo do delegado Carlos Delano.
A DEH, conforme medida da direção-geral de Polícia Civil do dia 31 de outubro de 2018, integra força-tarefa para apurar, inicialmente, três execuções, por apresentarem indícios de correlação. Por enquanto, os autos têm em torno de 400 páginas, incluindo relatório de investigação, depoimentos e manifestações da Justiça e do MPMS, além de dados como imagens do crime e de câmeras que mostram como foi o dia da vítima antes da execução, em bar da avenida Fernando Corrêa da Costa, pouco depois da meia-noite de 18 de outubro de 2018.
A lista inclui a morte de Marcel, a do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, 62 anos, em junho do ano passado, e a de Orlando da Silva Fernandes, 41 anos, morto em outubro e apontado como ex-chefe de segurança do traficante Jorje Rafaat, esse executado em 2015. Neste ano, em abril, mais um assassinato foi acrescentado ao trabalho investigatório, o do do estudante Matheus Coutinho, 20 anos, cujo alvo era o pai do jovem, o capitão da Polícia Militar Paulo Roberto Xavier, outro desafeto da família Name, conforme as apurações.
Os casos têm dinâmica parecida, como por exemplo o uso do mesmo tipo de armamento, e estão com os inquéritos ainda em aberto. O de Marcel Colombo, segundo documento protocolado no dia 3 de outubro no inquérito policial sob acompanhamento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul e da 2ª Vara do Tribunal do Júri, pelo delegado titular da Delegacia de Homicídios, Márcio Obara, seria encaminhado para o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), que realizou a operação Omertá junto com o Gaeco e com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Omertà - A operação, até agora, protocolou quatro denúncias no Fórum de Campo Grande contra o grupo, sobre crimes relacionados à formação de organização criminosa, de milícia armada, extorsão, porte e posse ilegal de arma, tráfico de armas, corrupção ativa de servidores públicos e ainda obstrução da hustiça.
Quanto aos homicídios, não há informação sobre como os responsáveis pela acusação vão agir. A tendência levantada pela reportagem é de que cada caso tenha denúncia em separado, a partir de acréscimo aos inquéritos já em andamento. Além dos casos já citados, pelo menos outros 4 são citados na investigação, que atribuiu ao grupo criminoso estrutura bastante organizada, em quatro núcleos, para eliminar inimigos, seja pessoais seja de negócio.