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Capital

“Playboy da Mansão” chegou a pedir desculpas a Jamil Name, diz inquérito

Marcel Colombo, que tinha desavença com “Jamilzinho”, havia procurado o pai do empresário, segundo revela depoimento

Marta Ferreira e Geisy Garnes | 17/10/2019 20:16
Trecho do depoimento à Polícia de Joel Colombo, pai de "Playboy", uma das vítimas de grupo de extermínio, segundo o Gaeco.  (Fotos: Reprodução de processo judicial)
Trecho do depoimento à Polícia de Joel Colombo, pai de "Playboy", uma das vítimas de grupo de extermínio, segundo o Gaeco. (Fotos: Reprodução de processo judicial)

No dia 26 de outubro de 2018, uma semana depois de ver o filho, Marcel Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, 31 anos, ser executado a tiros de pistola 9 mm disparados à queima roupa, o empresário Joel Colombo, 64, prestou depoimento na 1ª Delegacia de Polícia, em Campo Grande, e contou que o filho tinha uma desavença com Jamil Name Filho por causa de briga ocorrida em casa noturna da cidade anos antes. Relatou, ainda, que Marcel chegou a procurar o “genitor” do desafeto, o empresário Jamil Name, para pedir desculpas pelo ocorrido.

Jamil Name, de 80 anos, e “Jamilzinho”, de 42, estão presos desde o dia 27 de setembro sob acusação de liderar grupo de extermínio que seria o responsável por pelo menos oito execuções no período de 10 anos, entre elas a de Marcel Colombo. As informações do pedido de autorização da prisão tem relatos de que a briga na boate nunca foi esquecida e teria motivado a encomenda da morte. 

Transferidos no sábado (12) para o presídio federal de Campo Grande e com ida prevista para Mossoró, no Rio Grande do Norte, pai e filho fazem parte de grupo de 21 pessoas já denunciadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) como reflexo da Operação Omertà. 

O caso do assassinato de Marcel Colombo começou a ser investigado pela delegada Daniela Kades, responsável pelo primeiro depoimento do pai do jovem, depois passou para a Delegacia Especializada de Homicídios, a cargo do delegado Carlos Delano.

A DEH, conforme medida da direção-geral de Polícia Civil do dia 31 de outubro de 2018, integra força-tarefa para apurar, inicialmente, três execuções, por apresentarem indícios de correlação. Por enquanto, os autos têm em torno de 400 páginas, incluindo relatório de investigação, depoimentos e manifestações da Justiça e do MPMS, além de dados como imagens do crime e de câmeras que mostram como foi o dia da vítima antes da execução, em bar da avenida Fernando Corrêa da Costa, pouco depois da meia-noite de 18 de outubro de 2018.

Imagem de câmera de segurança mostra Marcel horas antes do crime, saindo de restaurante.
Imagem de câmera de segurança mostra Marcel horas antes do crime, saindo de restaurante.

A lista inclui a morte de Marcel, a do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, 62 anos, em junho do ano passado, e a de Orlando da Silva Fernandes, 41 anos, morto em outubro e apontado como ex-chefe de segurança do traficante Jorje Rafaat, esse executado em 2015. Neste ano, em abril, mais um assassinato foi acrescentado ao trabalho investigatório, o do do estudante Matheus Coutinho, 20 anos, cujo alvo era o pai do jovem, o capitão da Polícia Militar Paulo Roberto Xavier, outro desafeto da família Name, conforme as apurações.

Os casos têm dinâmica parecida, como por exemplo o uso do mesmo tipo de armamento, e estão com os inquéritos ainda em aberto. O de Marcel Colombo, segundo documento protocolado no dia 3 de outubro no inquérito policial sob acompanhamento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul e da 2ª Vara do Tribunal do Júri, pelo delegado titular da Delegacia de Homicídios, Márcio Obara, seria encaminhado para o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), que realizou a operação Omertá junto com o Gaeco e com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Omertà - A operação, até agora, protocolou quatro denúncias no Fórum de Campo Grande contra o grupo, sobre crimes relacionados à formação de organização criminosa, de milícia armada, extorsão, porte e posse ilegal de arma, tráfico de armas, corrupção ativa de servidores públicos e ainda obstrução da hustiça.

Quanto aos homicídios, não há informação sobre como os responsáveis pela acusação vão agir. A tendência levantada pela reportagem é de que cada caso tenha denúncia em separado, a partir de acréscimo aos inquéritos já em andamento. Além dos casos já citados, pelo menos outros 4 são citados na investigação, que atribuiu ao grupo criminoso estrutura bastante organizada, em quatro núcleos, para eliminar inimigos, seja pessoais seja de negócio.

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