Policial encontrado morto em posto pediu à PM para não trabalhar sozinho
Pedido foi negado por falta de efetivo; sargento salvou bebê há um ano no mesmo local
O sargento Agustinho Marques do Amaral, 48 anos, morto na manhã de sábado (30) no pelotão da PM (Polícia Militar), no bairro Nova Lima, em Campo Grande, havia solicitado à corporação para não trabalhar sozinho. Quando Agustinho morreu não havia mais ninguém no posto policial.
Agustinho, que foi sepultado na tarde deste domingo (dia 1º) no Memorial Park, salvara uma bebê em maio do ano passado no mesmo local onde morreu. A trágica coincidência poderia ter sido evitada caso pedido feito pelo policial tivesse sido atendido.
Conforme o irmão de Agustinho, o gerente Émerson Marques do Amaral, 38 anos, o policial havia solicitado para não trabalhar sozinho. “Ele tinha medo de muitas coisas: de ser atacado e morto, porque no posto tem muitas armas; de ter que atender outro caso como a do bebê...”, contou Émerson.
Ainda de acordo com o gerente, a PM negou pedido, alegando pouco efetivo.
Colegas de farda, que pediram para não ser identificados, disseram ao Campo Grande News que é comum policial ficar sozinho no posto. Eles acrescentaram que, no dia da sua morte, Agustinho teria ficado apenas 20 minutos desacompanhando.
Policiais que estavam no pelotão teriam se ausentado para fazer ronda e quando voltaram já encontraram o sargento caído no chão e sem vida.
No dia em que morreu, Agustinho reclamava de fortes dores em um dos braços, segundo contou o irmão. Apesar de ir trabalhar com dor, ele não era displicente com a saúde. Ao contrário. De acordo com o irmão, o sargento fazia exames com frequência e não apresentava nenhum problema aparente.
“Não sei exatamente o que aconteceu, mas Deus está no controle da nossa vida. Não adianta a gente questionar”, acalentou-se Émerson, que também é pastor evangélico.
Cuidadoso – A saúde de Agustinho aparentava ser tão boa que não motivava preocupações da família. O irmão mais velho, no entanto, que tem câncer centraliza as atenções quanto à saúde. Ele recebeu alta do hospital um dia antes do sargento morrer.
Conhecido no bairro Campo Novo, onde foi presidente da associação de moradores, e região, Agustinho foi enterrado com a presença de diversas pessoas. Salva de tiros e outras homenagens foram feitas durante o sepultamento.
O sargento não era admirado apenas por moradores. Colegas de corporação, como disseram dois policiais, também o admiravam. “Ele era muito querido por todos. A farda era sua segunda pele”, metaforizou um policial.