Vingança e paixão motivaram os crimes mais bárbaros que marcaram o ano de 2010.
Arquiteta foi queimada viva, vereador executado e amigas degoladas
A morte da arquiteta Eliane Aparecida Nogueira, 39 anos, ocorrida na madrugada de 02 de julho, no Bairro Vilas Boas, em Campo Grande, fica na lembrança pela crueldade do crime e a aparente frieza do acusado, o marido.
Bem sucedida na vida profissional, a arquiteta sempre enfrentou problemas no casamento com o empresário Luiz Afonso Santos de Andrade.
O fim do relacionamento já anunciado pela vítima motivou o homicídio qualificado, segundo o Ministério Público Estadual. Os laudos da Polícia, mostram que Eliane foi queimada viva pelo marido, com quem havia brigado. Ele pensou que tivesse matado a arquiteta e ateou fogo em Eliane dentro do carro dela.
Preso no dia do crime, Luiz Afonso aguarda julgamento. Está marcada para o dia 07 de janeiro a primeira audiência do réu em juízo.
Oficialmente, à Polícia Civil, ele nega o crime, porém, já admitiu a possibilidade de mudar o depoimento diante do juiz.
Barbárie - Mais recente, o duplo assassinato das amigas Cláudia Araújo Mugnaine, 34 anos e Regina Bueno França, 40 anos, chocou os moradores do Jardim Tijuca.
As duas foram degoladas e o crime pode ter sido motivado por vingança. As mortes foram planejadas dentro do presídio. Elas foram encontradas mortas na tarde de 1º de dezembro, na casa de Cláudia, no Tijuca.
Segundo a Polícia, quatro pessoas estão ligadas diretamente ao assassinato: Weber de Sousa Barreto, vulgo Ebinho, Eder Rantagne Cassedo, o Corumbá, Lorraine Rory Silva, namorada de Éder e Cristian Rantagne Cassedo. Dos quatro, apenas Weber está foragido.
Éder foi indiciado por ter mandado matar as duas, ele já estava preso no Presídio de Segurança Máxima por tráfico de drogas.
Para a Polícia, Eder é considerado o pivô do crime. Weber e Cristian são os executores das mortes e Lorraine teria facilitado a entrada dos criminosos na casa de Claúdia.
Pelas investigações, Lorraine ficou com raiva de Regina, pois ela teria delatado o namorado Corumbá à Polícia.
Alvo errado - O assassinato de Paulo Henrique Rodrigues, o “Paulinho”, 17 anos, também causou comoção em 2010.
Familiares e moradores do Bairro Tarumã, palco do crime, fizeram protestos contra a violência.
O crime ocorreu enquanto ele trabalhava em uma bicicletaria, no dia 17 de fevereiro. Marcelo de Souza Ribeiro, o “Cicatriz”, 19 anos, havia assaltado a mercearia Vital, que fica em frente à bicicletaria e que pertence ao avô da vítima.
Na fuga, depois do assalto, Marcelo atirou e acertou o coração de Paulo Henrique. O adolescente chegou a ser socorrido pela mãe, que trabalhava na mercearia, mas não resistiu.
A partir da prisão de Marcelo, a Polícia chegou a Alessandro da Anunciação, 27, o “Testa”, capturado no Jardim das Perdizes. Alessandro é o dono da pistola calibre 45 usada para matar Paulinho, como era conhecido o estudante.
A pedido da defesa, foi feita reconstituição do crime e o resultado desta perícia já chegou ao Poder Judiciário. O julgamento dos réus não tem data marcada. A previsão é que ocorra no próximo ano.
Político - No dia 26 de outubro, o vereador de Alcinópolis, cidade na região Norte do Estado, Carlos Antônio Carneiro, de 40 anos, foi morto a tiros.
O motivo do crime é oficialmente um mistério. O pai da vítima, vice-prefeito de Alcinópolis, Alcindo Carneiro afirma que o filho tinha uma série de documentos que comprovavam que os recursos arrecadados pela Câmara da cidade, no ano passado, realmente foram utilizados na edificação de um novo prédio da Casa de Leis na cidade.
Na versão do pai do vereador, o prefeito Manoel Nunes da Cunha (PR) requeria a devolução do dinheiro da Câmara para aplicar no Orçamento deste ano e aponta que o filho e outros vereadores da situação descobriram que o republicano teria gasto mais do que o valor estipulado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, ou seja, Carlos Antônio e outros vereadores persistiram em usar R$ 273 mil que sobraram das economias da Câmara na aplicação dos recursos para a edificação de um novo prédio.
Os três homens que foram apontados como executores do assassinato foram presos instantes depois do crime. Já o mandante nunca apareceu.
Durante as investigações policiais foi decretado sigilo do caso e no dia em que os presos seriam apresentados à imprensa houve um acidente com a viatura usada no transporte dos suspeitos.
Peça-chave na investigação sobre o assassinato, Valdemir Vansan, 43 anos, ficou 38 dias internado. Ele é acusado de ter intermediado a contratação do cunhado Ireneu Maciel, 34 anos, para executar o vereador. Irineu foi preso com Aparecido Souza Fernandes, 34 anos, que pilotava a moto em que tentaram fugir do local do crime. A próxima audiência do caso está marcada para o dia 08 de fevereiro e ainda não foi definido quando o prefeito da cidade prestará depoimento.
Mais mistério - A morte do adolescente Júlio César dos Santos Flores, 13 anos, ocorrida no dia 1º de fevereiro é cercada de mistérios. Perto de completar um ano, nada é falado sobre o caso.
O garoto foi encontrado morto no Córrego Sóter, na Avenida Via Parque, em Campo Grande. Laudo pericial apontou que a causa da morte foi o afogamento e o que o menino havia sido agredido.
O adolescente apanhou com um taco de beisebol antes de cair no córrego. Três pessoas foram indiciadas, duas delas são dois donos de trailers da região. No dia 31 de janeiro, um grupo de jovens e o dono de um trailer acionaram a PM (Polícia Militar) para denunciar que Júlio César e dois amigos, moradores do Jardim Colúmbia, tentaram furtar um trailer fechado. Com a saída da Polícia, devido à falta de indícios, o grupo teria iniciado a agressão. Até o nome de filho de vereador surgiu durante as investigações. Seria este o motivo de tanto mistério?