Sem salário, equipes de tapa-buraco são orientadas a ficar em casa
Prefeitura afirma que o serviço não será interrompido e que pagamentos à Selco estão em dia
A chuva intensa que caiu durante toda a segunda-feira (5) em Campo Grande agravou a já famosa 'buraqueira' das ruas da cidade. Para piorar, 120 funcionários da empresa Selco, uma das responsáveis pela manutenção, estão sem salário há dois meses e foram orientados a não trabalhar até segunda ordem.
O grupo já havia anunciado que paralisaria os serviços por estar sem receber e marcou um protesto para as primeiras horas desta terça-feira (6), no pátio da Selco. "Agendamos, mas a empresa dispensou os trabalhadores e pediu para ficarem em casa até quinta-feira. Acho que querem ganhar tempo", contou Walter Vieira dos Santos, presidente do Sinticop (Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada de Mato Grosso do Sul).
"Estamos também sem cesta básica, que é uma obrigação, e alguns funcionários nem têm como comer hoje", relata o dirigente sindical, que ouviu da empresa a justificativa de que a Prefeitura não havia repassado o recurso.
Segundo a entidade, os pagamentos referentes aos meses de julho e agosto estão atrasados, assim como os benefícios de alimentação. No total, a Selco possui 10 equipes de 12 funcionários cada trabalhando no tapa-buraco.
Enquanto isso, a situação do asfalto da capital está, para variar, crítica. Somente na Avenida Ministro João Arinos, região da saída para Três Lagoas, foram ao menos 19 carros danificados por uma entre várias crateras. Na manhã desta terça-feira (6), algumas equipes da prefeitura trabalham no entorno para tapar os buracos do entorno.
A Prefeitura afirmou em nota que os pagamentos à Selco estão em dia e que o serviço continua sendo realizado normalmente. Nesta manhã, funcionários da empresa Wala Engenharia realizam reparos na Avenida Ministro João Arinos, recordista citada no início da reportagem.
A Selco também foi procurada para comentar, mas não atendeu às ligações da reportagem.
"Ultimato" - Em entrevista concedida nesta terça (6), o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), afirmou que se reuniu com as empresas responsáveis pelo asfalto na noite de ontem e os alertou "pela última vez" sobre a buraqueira. "Se não fizerem o serviço como deve ser, vou rescindir o contrato com eles, dentro do que a lei determina", explicou.
"Qualquer chuvinha já mostra a epidemia de buracos, a qualidade do nosso asfalto está completamente comprometida", concorda Bernal, que também disse que as empresas que fazem o serviço agora foram contratadas por gestões anteriores e são as mesmas há mais de dez anos. Ainda segundo o prefeito, o ideal seria fazer a requalificação das vias e não apenas reparos.