Três ex-ministros bolivianos aguardam em MS resposta sobre asilo político
Nomes não foram divulgados já que famílias continuam no país vizinho e podem sofrer represália
Ex-ministros da Bolívia que estavam no comando de pastas no governo de Jeanine Añez estão pedindo refúgio no Brasil. Ao todo, cinco ex-chefes de Estado procurados pela polícia no país vizinho buscam asilo político em terra brasileira. Três deles estão em solo sul-mato-grossense. A informação foi publicada na Coluna Esplanada, do jornalista Leandro Mazzini.
Sem ter os nomes divulgados, para proteger as famílias que continuam na Bolívia, os ex-ministros estão hospedados em casa de amigos em Corumbá e em Campo Grande. Quem revela os detalhes dessa saga internacional é o amigo dos bolivianos, Fernando Tibúrcio.
“Eles vieram no fim do mês passado para o Brasil. A principal preocupação deles é com o regime do atual presidente Luis Arce e do Evo Morales que continua mandando no país. Existe uma perseguição aos opositores e por isso o pedido de refúgio no Brasil, além da preocupação com a segurança dos familiares que ficaram na Bolívia”, explica Tibúrcio.
A espera dos ex-ministros no Brasil é por tempo indeterminado.Fernando Tibúrcio explica que quem define o direito de asilo político é o Comitê Nacional para os Refugiados, vinculado ao Ministério da Justiça. “Enquanto aguardam a decisão do comitê eles estão protegidos pelas autoridades brasileiras, mas as famílias podem sofrer algum tipo de retaliação”, pontuou.
As ex-autoridades bolivianas iniciaram o processo burocrático de pedido de refúgio nas Superintendências Regionais da Polícia Federal nas capitais dos Estados onde estão. Outros dois ex-ministros estão em Rio Branco, no Acre e Porto Velho, Rondônia.
No dia 5 de maio, a ex-ministra do Meio Ambiente da Bolívia no governo interino da ex-presidente Jeanine Áñez, María Elva Pinckert, já havia pedido asilo político por considerar que o processo judicial do qual é alvo é uma "perseguição com fins políticos".
A fuga de ex-integrantes do governo de Áñez começou após a vitória de Luis Arce e o retorno ao poder, nas eleições de 2020, do MAS (Movimento ao Socialismo), partido de Evo Morales, maior liderança de esquerda hoje entre os bolivianos.
O atual governo do país alega que os processos contra as ex-autoridades não são parte de uma perseguição, mas por irregularidades como terrorismo e superfaturamento em compra públicas.
Em 2019, o próprio Evo Morales protagonizou o mesmo movimento, conseguiu asilo no México um dia depois de deixar o cargo sob pressão de opositores, militares e policiais. Alegando golpe de estado, ele e 20 funcionários partiram do país.