Além de invasão indígena, produtores e caminhoneiros bloqueiam rodovia
Proprietários rurais e caminhoneiros bloqueiam, em dois pontos, a MS-384 desde o meio-dia de hoje. Cerca de 100 veículos e 300 pessoas estão paradas no protesto, que visa chamar a atenção dos governantes para as invasões indígenas que acontecem desde sexta-feira (21) em Antônio João - distante 279 km de Campo Grande.
Na sexta-feira os indígenas invadiram a fazenda Primavera, ontem segundo os produtores rurais, 40 famílias foram retiradas de suas casas no distrito Campestre. Eles alegam, que os índios ameaçam atear fogo nas propriedades. Os índios guarani-kaiowá lutam pela demarcação do território “Ñanderu Marangatu”, que tem 9.700 hectares de extensão.
O vice-prefeito de Antônio João, Antonio Cesar Baby (PSDB) também está parado no protesto e afirma que eles querem chamar a atenção do governo Federal para a situação de invasão. "Eles dizem que vão ficar aqui até resolver", diz. A rodovia MS-384 liga o município até o distrito de Campestre e a cidade de Bela Vista.
De acordo com o sargento Paulo Sergio, cerca de 100 veículos entre carros e caminhões estão parados no bloqueio, o que resulta em 300 pessoas impedidas de continuar viagem. Os próprios fazendeiros não entram em um acordo sobre quem lidera a manifestação e há a possibilidade de o bloqueio terminar às 19h de hoje.
O caminhoneiro Geraldo Lima, 55, conta que foi até Bela Vista, descarregou e estava voltando rumo ao Paraná, mas está parado no bloqueio desde às 14h. Diz que tentam negociar, mas ninguém consegue a liberação da via. "Isso prejudica muito, estou perdendo horas de viagem e de dinheiro, porque poderia chegar e descansar antes da próxima viagem".
Já o motorista Aldemir Costa, 50, disse que está indo pra Bela Vista carregar calcário, mas mesmo se conseguisse passar, não iria conseguir voltar. "Isso não prejudica só eles, todo mundo, famílias, tem até pessoas doentes paradas aqui. Eu acho que tem protestar em Brasília".
Caso - A reserva dos guarani-kaiowá em Antônio João foi homologada em 2005 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois de duas décadas de luta entre índios e fazendeiros. Naquele mesmo ano, no entanto, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a homologação e o caso está parado há uma década.
Conforme o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), os índios já ergueram acampamentos nas fazendas Primavera, Pedro, Fronteira, Barra e Soberania. “Restam apenas duas para ÑanderuMarangatu ser ocupada na íntegra pelos indígenas. Os guarani-kaiowá exigem do governo a presença da Força Nacional na região”, afirma o órgão. As fazendas pertencem ao ex-prefeito de Antônio João, Dácio Queiroz Silva e seus irmãos.