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Após 35 anos, ritual de iniciação de meninos indígenas será retomado

Cerimônia que marca passagem dos meninos à vida adulta será realizada de abril a maio, em Antônio João

Por Clara Farias | 17/02/2024 17:57
Ritual Kunumi Pepy entre indígenas Kaiowá, na Aldeia Panambizinho, em Dourados (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Ritual Kunumi Pepy entre indígenas Kaiowá, na Aldeia Panambizinho, em Dourados (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Rito de passagem de meninos guarani e kaiowá voltará a ser realizado, após 35 anos de hiato. A cerimônia de perfuração do lábio - Hembekuáva'e - marca a iniciação do ciclo de vida dos meninos de 8 a 13 anos, e os prepara para a vida adulta. A "Kunumim Pepy" será na Terra Indígena Ñanderu Marangatu, em Antônio João, a 319 quilômetros de Campo Grande.

A última cerimônia de iniciação dos meninos guarani e kaiowá em MS ocorreu na Terra Indígena Panambizinho, em Dourados, em 1989. Considerada fundamental para o sagrado dos povos, o ritual ocorre durante semanas e até meses.

Neste ano, Kunumim Pepy ocorrerá a partir de 28 de abril a 12 de maio, e dez meninos já estão sendo preparados para participarem da iniciação.

Durante a cerimônia, os meninos têm o lábio inferior perfurado por um  enfeite labial, feito da resina da árvore do tembetá. O objeto, que é feito pelos pais dos iniciados, permanece com o rapaz e prova que estão prontos para se tornarem homens. O rito também é um marco de pertencimento aos guarani e kaiowá. O termo "Kunimi" é o termo guarani para menino e "Pepy" significa convite.

Os preparativos para a cerimônia envolvem tanto os homens quanto as mulheres da aldeia. Algumas etapas são realizadas por um ou o outro gênero, como a bebida obtida pela fermentação do milho, que é feita somente pelas mulheres. Enquanto que o cultivo do milho pode ser realizado por ambos os gêneros. Durante o ritual, não é permitido que as mulheres participem da cerimônia.

Segundo a Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowá a retomada é uma marco histórico, e o local onde será realizado é muito importante para os povos. "A Ongusu Ñenga Rendy [casa de reza] foi levantada com muita resistência em meio ao avanço desenfreado da intolerância religiosa em nossos territórios. A retomada desse ritual é uma colheita ancestral coletiva, construída, semeada por muitas mãos coletivas", explica a nota publicada em rede social.

Casa de reza construida para iniciação dos meninos Guarani e Kaiowá, em 1989, na Aldeia Panambizinho (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Casa de reza construida para iniciação dos meninos Guarani e Kaiowá, em 1989, na Aldeia Panambizinho (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

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