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Interior

Réu delata esquema para fraudes em empréstimos chefiado por Ruiter

Em juízo, ex-chefe do RH da prefeitura confirmou a participação dele, do prefeito e de outros acusados nos desvios de recursos da folha de pagamento

Anahi Zurutuza | 05/06/2017 19:32
Ruiter Cunha, atual prefeito de Corumbá (Foto: Arquivo)
Ruiter Cunha, atual prefeito de Corumbá (Foto: Arquivo)

O ex-gerente de Recursos Humanos da Prefeitura de Corumbá, Wilson Roberto Ferreira Pereira, delatou o esquema para fraudar a folha de pagamento dos servidores municipais e desviar recursos obtidos por meio de empréstimos consignados. O ex-funcionário foi ouvido em juízo nesta segunda-feira (45).

Pereira é réu em processo de improbidade administrativa, junto com o atual prefeito Ruiter Cunha (PSDB) e outros acusados de formar organização criminosa. Embora a ação tramite em sigilo, o promotor do caso, Luciano Conte, afirmou à reportagem que em depoimento, Pereira “confirmou o teor da denúncia”. “De forma espontânea, ele confirmou a participação de todos”, limitou-se a informar o responsável pela acusação.

O Ministério Público Estadual acusa Ruiter de comandar o esquema e também processa o prefeito, o ex-funcionário e outras sete pessoas no âmbito criminal. Conforme a denúncia oferecida pelo MPE na ação penal, as fraudes na folha de pagamento do município ocorreram entre 2009 e 2012, quando Ruiter chefio o município ainda pelo PT.

“A fraude ocorria de modo que os servidores cooptados repassavam parte do valor contratado no empréstimo consignado, ou até mesmo sua integralidade, para os denunciados, todos servidores da administração municipal, e, em contrapartida, os que haviam contratado os empréstimos recebiam o valor da parcela descontada em forma de gratificações de verba de representação e dedicação exclusiva, todas pagas indevidamente pela municipalidade”, acusa a 5ª Promotoria de Justiça.

O processo contra o prefeito e as outras oito pessoas foi desmembrado em maio deste ano. Agora, a ação contra Ruiter será julgada pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) porque ele tem novamente foro privilegiado.

Investigação – O inquérito policial, concluído em novembro de 2014, fazia parte da Operação Cornucópia, deflagrada em novembro de 2013. Em entrevista ao Campo Grande News na época, o delegado da Polícia Federal, Alexandre do Nascimento revelou quer havia indiciado Ruiter e outros 26 servidores por formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato e corrupção passiva.

A polícia havia apurado que o rombo nos cofres públicos seria de ao menos R$ 15 milhões.

Eleito prefeito em 2004 e reeleito para o cargo em 2008, Ruiter também foi alvo da Operação Decoada, em 2012, que investigava fraudes em licitação.

Outro lado – O advogado Valeriano Fontoura, que defende o chefe do Executivo de Corumbá, também disse que não poderia comentar sobre os depoimentos tomados nesta segunda-feira por força do sigilo processual, mas disse que Ruiter mantém a mesma defesa. “Ele não participou de ato ilícito nenhum e tem como comprovar isso por depoimentos de testemunhas”, disse.

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