Júri está reunido para decidir se réus pela morte de Veron serão condenados
Já estão reunidos, em São Paulo, os jurados que vão decidir se os três seguranas acusados pela morte do líder guarani-caiuá Marcos Veron, ocorrida em 2003, quando ele tinha 73 anos. O julgamento começou segunda-feira e é considerado histórico. A previsão é que a sentença saia dentro de 2 a 3 horas.
No quinto dia do julgamento, foi a vez dos debates entre acusação e defesa, na Primeira Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, sob a presidência da juíza federal Paula Mantovani Avelino. Não foram permitidas imagens do julgamento, realizado em São Paulo a pedido do MPF (Ministério Público Federal).
A transferência de Dourados para a capital paulista dada a polêmica provocada pelo tema na região, que concentra as mais acirradas disputas de terras entre fazendeiros e indígenas de Mato Grosso do Sul. Foi em uma área em disputa, a fazenda Brasília do Sul, que Veron foi morto.
O júri começou no dia 21. Foram sete vítimas, entre elas 4 filhos de Veron, cinco testemunhas de acusação, três delas indígenas, duas testemunhas de defesa e uma testemunha determinada pela juíza.
Ontem, os réus Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde, prestaram depoimento. Eles são acusados de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e meio cruel, tortura, seis tentativas qualificadas de homicídio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha.
A acusação quer pena máxima, o que pode resultar em mais de 30 anos de prisão
Conforme a denúncia, os índios foram atacados na madrugada do dia 13 de janeiro de 2003, sequestrados, amarrados na carroceria de uma caminhonete e levados para local distante da fazenda, onde passaram por sessão de tortura.
Um dos filhos de Veron, conforme a peça de acusação, quase foi queimado vivo. A filha do líder indígena, grávida de sete meses, foi espancada. Veron foi agredido com socos, pontapés e coronhadas de espingarda na cabeça e morreu por traumatismo craniano.
Os acusados negam o crime. A tese apresentada durante o júri é de houve um confronto entre os próprios indígenas e que eles teriam matado Veron, que não seria indígena e sim paraguaio.