3 mitos para serem esquecidos
A história do Brasil tem mais mitos que verdadeira história. Pululam em nossos livros didáticos inverdades que nunca aconteceram ou que são apenas distorções ao sabor da vontade dos mandantes em dado período.
Aleijadinho existiu?
Quem vai a Congonhas do Campo, em Minas Gerais, volta à casa impressionado com as estátuas dos 12 profetas que teriam sido esculpidas por Aleijadinho, em pedra sabão.
Símbolo do barroco e da arte colonial brasileira, Antônio Francisco Lisboa talvez tenha sido o escultor responsável pelo trabalho artístico em importantes igrejas de Minas Gerais. isso mesmo: talvez. Entre historiadores pairam muitas dúvidas sobre sua verdadeira identidade.
Os questionamentos são devidos ao fato de que a maioria dos dados disponíveis sobre o Aleijadinho vem de um só livro: a biografia escrita por Rodrigo José Ferreira Bretas. Esse homem era um político, de não boa fama, que construiu toda sua carreira em cima da história de Aleijadinho. A obra enaltece e, com certeza, romantiza o personagem tornando-o um herói. Só para não deixar no ar. Os únicos documentos que talvez nos dessem pistas sobre a verdadeira identidade de Aleijadinho perdeu-se no tempo e nunca foi encontrado.
A feijoada é comida de escravos?
Se você responder que foram os negros escravos que inventaram a feijoada, a partir da mistura de feijão preto com carnes desprezadas pela elite, provavelmente estará bem errado! Havia muitos tabus alimentares entre os habitantes da colônia, principalmente de origem indígena e africana. Os índios não comiam ovos acreditavam que estava comendo galinhas inteiras. Entre os africanos, muitos eram de origem muçulmana ou diretamente influenciados por essa cultura. Eram proibidos de comer carne de porco.
É bem provável que a feijoada tenha origem na Roma Imperial. Lá existia um prato muito semelhante ao nosso. Baseado na mistura de carnes, legumes e verduras, esse prato romano, foi à Portugal dos romanos. O diferencial está no feijão preto. Há outro dado histórico interessante: a feijoada era um prato muito comum entre a elite das grandes cidades brasileiras. Não há um só indício que ela tenha sido comida de escravos.
O governo de Deodoro da Fonseca era constituído só por militares?
Em 2016, o deputado federal Cabo Daciolo, discursou na Câmara Federal mandando um recado ao então presidente Michael Temer: "Abandone a Maçonaria, abandone o Satanismo e vem correndo para Deus". Essa aura de mistério e de ocultismo está ligada ao imaginário popular a ferro e fogo.
Essa fraternidade chegou ao Brasil nos idos finais do século XVIII. Em meio ao Ciclo do Ouro, nas Minas Gerais, surgia um círculo social que não estava ligado aos proprietários de terras. Era constituído por gente das cidades. A organização em lojas só se daria no raiar do XIX. Mas logo seria perseguida por um D.Pedro I que tinha sido erigido como seu Grão Mestre. De poderoso chefão dos maçons a perseguidor implacável.
Comete um erro quem afirma que Deodoro da Fonseca constituiu seu governo somente com militares. O que havia em comum entre os componentes de seu ministério era que todos eram maçons. Quintino Bocaiúva, assumiu a pasta dos Transportes; Aristides Lobo, ficou com a do Interior; Benjamin Constant, o "pai da República", a da Guerra; Campos Salles, que se tornaria presidente, a da Justiça; Eduardo Wandenkolk, a da Marinha; e Demetrio Ribeiro, a da Agricultura. Todos pertenciam ao Grande Oriente do Brasil. A exceção era Rui Barbosa, escolhido para o ministério da Fazenda. Era uma época em que a Maçonaria abrigava a elite intelectual da nação. Era. A elite intelectual migrou para as faculdades, civis ou militares.