A invenção do livro no mundo antigo: tabuletas, papiros...
A linguagem escrita, os símbolos que serviam de comunicação entre os humanos começa em Göbleki Tepe, na Turquia. Essa é a primeira "catedral" construída pelo homem. Em turco, Göbleki Tepe significa "monte com barriga". Há mais de 20 cercados circulares erigidos em pedra. Alguns, tem mais de cinco metros de altura. Quase todas tem belíssimos entalhes. O mais interessante é de um círculo de humanos de mãos dadas. Também há entalhes de animais selvagens e de símbolos ainda não decifrados. Ainda que os símbolos desse lugar sejam um tipo de comunicação, eles não são portáteis. Não podem ser facilmente deslocados de um lugar a outro, não cabem na bagagem.
Tabuletas de argila, os primeiros livros portáteis.
Surpreendentemente, esses "pais dos livros" que são as tabuletas de argila da Mesopotâmia, continuaram sendo usadas até o começo da era cristã. Elas se espalharam pelos atuais territórios da Síria, Iraque, Irã, Jordânia, Turquia, Líbano Israel, Creta e Grécia. Eram feitas como um tijolo, mas não eram levadas ao fogo, coziam ao sol. E bastava molhar levemente a sua superfície para apagar a escrita cuneiforme e escrever novamente. Costumavam guardá-las em pilhas, a salvo da umidade, em estantes de madeira e também em cestas de vime e em jarros. Eram baratas e leves, mas quebradiças. Estão conservadas algumas tabuletas do tamanho de um cartão de crédito. Há o inverso, enormes tabuletas. Mas elas desapareceram porque nelas não cabiam textos extensos.
O rolo de papiro egípcio.
O rolo de papiro foi um avanço fantástico na história dos livros. Comparadas às tabuletas de argila mesopotâmicas, as folhas de papiro são um material fino, leve e flexível. E mais, podem armazenar uma grande quantidade de textos. Com elas, as tabuletas foram relegadas para uso de rascunhos. Mas também tinham inconvenientes. No clima seco do Egito, as folhas de papiro eram flexíveis e brancas. Na umidade da Europa, escureciam e tornavam-se muito frágeis. Os rolos eram guardados em jarras, caixas de madeira ou em bolsas de couro. O frio e a chuva os destruíam, eram delicados e caros. Os faraós decidiam o preço. E, agindo de maneira semelhante à dos países exportadores de petróleo, os soberanos do Egito colocavam seus preços nas alturas, inviabilizando o surgimento de bibliotecas que competissem com a de Alexandria.
Pergaminho veio de Pérgamo.
Foi o que aconteceu no começo do século II a.C. Para impedir a construção da biblioteca de Pérgamo, rica cidade da Turquia, o faraó interrompeu o fornecimento de papiro ao reino turco, privando os turcos do melhor material de escrita que existia. A medida poderia ter sido demolidora, mas acabou provocando um grande avanço. Em Pérgamo aperfeiçoaram a escrita sobre o couro, uma prática sem importância que só seus moradores usavam. Começaram a experimentar com todos os tipos de couro - bezerro, ovelhas, carneiros ou cabras - com um novo método. Mergulhavam o couro durante várias semanas em um banho de cal e depois os secavam bem esticados num bastidor de madeira. E depois raspavam até atingir a alvura desejada. O resultado foi revolucionário. Desse processo saiam lâminas lisas, finas, com ambos os lados utilizáveis para a escrita e - sobretudo - duradouras. Além de exportar muito, o pergaminho colocou o nome de Pérgamo na história.