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Em Pauta

Coração, pulmão... a biologia inspira o planejamento urbano

Mário Sérgio Lorenzetto | 05/02/2022 09:30
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Metáforas biológicas para o planejamento das cidades abundam no uso diário. Você pode morar perto de uma "artéria" de uma cidade ou em seu "coração". Você pode trabalhar em um dos centros "nervosos" da cidade ou se exercitar em um parque descrito como "pulmão" dela. Essa tendência de organizar uma cidade com base na biologia é denominada "naturalismo". Historicamente, essa maneira de pensar nos ajudou a lidar com os complexos problemas urbanos. Hoje, especialmente devido à anarquia climática, essa forma de organizar uma cidade é mais necessária do que nunca.


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Um militar italiano pensa a cidade como um corpo humano.

Durante os séculos XVII e XVIII, a compreensão da circulação sanguínea se cristalizou. Esse novo conhecimento levou Francesco Di Giorgi Martini, um engenheiro militar italiano, a planejar as cidades  com o centro do governo localizado na "cabeça", a parte mais nobre do corpo. De uma posição elevada e privilegiada, os governos poderiam ser protegidos e vigiar o resto do corpo-cidade. De acordo com o pensamento de Giorgi Martini, a igreja deveria estar localizada no "coração" da cidade para guiar seu espírito. E a praça principal deve estar localizada no "estômago", guiando o instinto da cidade e misturando a população. Essa ideia vicejou até o século XX na imensa maioria das cidades que surgiram nesse período no mundo ocidental. Campo Grande atende a esse planejamento.

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Um engenheiro militar desenha o traçado de nossas ruas.

No longínquo 1910, o engenheiro militar Themístocles Paes de Souza Brasil elabora um perfil de Campo Grande. Themístocles guardava a tradição emanada do pensamento de Di Giorgi Martini ao desenhar a primeira planta da cidade com 6.540 hectares. A prefeitura e a câmara de vereadores ficaram localizadas na confluência das avenidas Afonso Pena com a Calógeras, o "cérebro" da pequena cidade com 1.200 habitantes. Themístocles nada cobrou por seus serviços. Seu relatório merece ser lido, é considerado o primeiro trabalho escrito sobre Campo Grande. Ele destacava a hidrografia, especialmente os córregos Prosa e Segredo, que já apresentavam sinais de assoreamento...


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Coração, eliminação para a periferia e célula.

O planejamento das cidades evoluiria paulatinamente. O francês Pierre Rousseau projetou algumas cidades - Nantes é o melhor exemplo - como um centro que funcionava como um coração e bombeava bens e pessoas através dele. Durante as pestes negras, Florença e Roma, por exemplo, os pobres eram considerados órgãos inferiores, que atraiam e criavam doenças. Como resultado, foram trancados próximos a hospitais que distanciavam do centro das cidades, um movimento comparado com a cirurgia de uma parte "fraca do corpo". A descoberta científica da célula levou Henry Wright, a desenhar o norte de N.York  como um "tecido" de desenvolvimento urbano, que se alimentasse de bosques recreativos, incentivando atividades saudáveis e boa vida para os moradores dos subúrbios. Para o arquiteto finlandês Eliel Saarinen, comunidades saudáveis eram análogas a células saudáveis. E foi esse finlandês que propôs a retirada das favelas próximas aos centros urbanos por considerá-las "células cancerosas".

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Plante uma árvore e, em volta, construa sua casa.

O novo naturalismo urbano, criado pelo físico Geoffrey West, em 2017, propôs o conceito de "cidade inteligente". Ele diz que uma cidade deve ter seus fluxos de transporte e uso de energia cuidadosamente monitorados. Esse é o planejamento que vem sendo pensado por quase todas as entidades preocupadas com a vinda da anarquia climática. Já o arquiteto belga Luc Schuiten, leva o conceito de cidade inteligente aos prédios. Ele cria a cidade-vegetativa. Isso pode significar preencher as paredes dos prédios com arbustos e árvores em seus tetos, como plantar primeiro uma árvore, para depois construir uma residência em volta dela.

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