Hora noctis 6: o estudante começa a aula matinal
Ainda está escuro. São seis horas. Como todo os dias de aula, a manhã de Publius começa com ele assistindo ansiosamente à contagem de cabeças feita pelo professor. Até agora, 15 na turma. O "litterattus" - o professor, é pago por dia pelos alunos. Se ele não conseguir 20 estudantes em sua turma, o dinheiro não dará para cobrir as despesas.
Aulas na calçada.
Isso significa que as aulas terão de acontecer ao ar livre e não no templo em frente. O templo é, de longe, a melhor escolha, pois é protegido do sol e do vento e tem bancos nas laterais. Nos dias em que o professor não consegue o número de alunos necessários, Publius e seus colegas de pernas cruzadas, na calçada, com suas tábuas de cera equilibradas desajeitadamente sobre os joelhos, terão de sofrer.
Professor "flagelo".
O apelido do professor, dado pelos alunos, é "plagosus", flagelo, pela liberdade com que usava seu chicote, uma pequena engenhoca de couro que está sempre a seu lado. Quando Publius senta-se na calçada, vê um "pedagogus" trazendo outros doze alunos. O professor flagelo não fica contente, terá de pagar uma propina para o pedagogus - geralmente um escravo designado para o fim de apenas levar o estudante à escola. Às vezes, todos os país de um quarteirão unem esforços para contratar o mesmo pedagogus. As crianças têm entre seis e dez anos. Será o pedagogus a pagar o dia de aula para o litteratus, que geralmente também é um escravo liberto.
O litteratus é reconhecível por usar lenço no pescoço.
Praticamente todos os litteratus usam lenço no pescoço. Se hoje em dia é sinal de riqueza ou elegância, o costume surgiu para esconder a tatuagem de escravo que seu antigo senhor ordenou que fosse feita. Como quase todos os litteratus são ex-escravos, a profissão é pouco respeitada pelos romanos.
O mais baixo dos salários.
Um litteratus geralmente é reconhecido - e contratado - se tiver um só dos alunos de uma turma que saiba ler, escrever, fazer contas básicas e tiver algum conhecimento dos clássicos. Um estudante romano parece muito com seus colegas brasileiros modernos. Um professor esforçado pode contar com uma renda de 180 denários por ano. É mais ou menos a metade do que um trabalhador de qualquer outra profissão recebe. Até mesmo professores de retórica, com nível superior, ganham apenas um pouco mais.