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Em Pauta

Hora noctis 6: o estudante começa a aula matinal

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 09/01/2024 09:00
Hora noctis 6: o estudante começa a aula matinal

Ainda está escuro. São seis horas. Como todo os dias de aula, a manhã de Publius começa com ele assistindo ansiosamente à contagem de cabeças feita pelo professor. Até agora, 15 na turma. O "litterattus" - o professor, é pago por dia pelos alunos. Se ele não conseguir 20 estudantes em sua turma, o dinheiro não dará para cobrir as despesas.


Hora noctis 6: o estudante começa a aula matinal

Aulas na calçada.

Isso significa que as aulas terão de acontecer ao ar livre e não no templo em frente. O templo é, de longe, a melhor escolha, pois é protegido do sol e do vento e tem bancos nas laterais. Nos dias em que o professor não consegue o número de alunos necessários, Publius e seus colegas de pernas cruzadas, na calçada, com suas tábuas de cera equilibradas desajeitadamente sobre os joelhos, terão de sofrer.


Hora noctis 6: o estudante começa a aula matinal

Professor "flagelo".

O apelido do professor, dado pelos alunos, é "plagosus", flagelo, pela liberdade com que usava seu chicote, uma pequena engenhoca de couro que está sempre a seu lado. Quando Publius senta-se na calçada, vê um "pedagogus" trazendo outros doze alunos. O professor flagelo não fica contente, terá de pagar uma propina para o pedagogus - geralmente um escravo designado para o fim de apenas levar o estudante à escola. Às vezes, todos os país de um quarteirão unem esforços para contratar o mesmo pedagogus. As crianças têm entre seis e dez anos. Será o pedagogus a pagar o dia de aula para o litteratus, que geralmente também é um escravo liberto.


Hora noctis 6: o estudante começa a aula matinal

O litteratus é reconhecível por usar lenço no pescoço.

Praticamente todos os litteratus usam lenço no pescoço. Se hoje em dia é sinal de riqueza ou elegância, o costume surgiu para esconder a tatuagem de escravo que seu antigo senhor ordenou que fosse feita. Como quase todos os litteratus são ex-escravos, a profissão é pouco respeitada pelos romanos.


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O mais baixo dos salários.

Um litteratus geralmente é reconhecido - e contratado - se tiver um só dos alunos de uma turma que saiba ler, escrever, fazer contas básicas e tiver algum conhecimento dos clássicos. Um estudante romano parece muito com seus colegas brasileiros modernos. Um professor esforçado pode contar com uma renda de 180 denários por ano. É mais ou menos a metade do que um trabalhador de  qualquer outra profissão recebe. Até mesmo professores de retórica, com nível superior, ganham apenas um pouco mais.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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