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Em Pauta

Meio cego, meio surdo, o Pai da Biodiversidade era racista

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/09/2022 07:42
Meio cego, meio surdo, o Pai da Biodiversidade era racista
Às vezes acontece que da desgraça surge grandes obras ou carreiras. A pintura de Frida Kahlo talvez não existisse sem o grave acidente de ônibus que quase lhe custou a vida. Também nas ciências as adversidades podem forjar carreiras brilhantes, como a de Edward Osborne, que faleceu no ano passado. Osborne foi o maior especialista em formigas e é reconhecido como o mais importante Pai da Biodiversidade.


Meio cego, meio surdo, o Pai da Biodiversidade era racista
O peixe o cegou.

O "Ant Man", o "Senhor das Formigas", como se tornou conhecido, Osborne foi um menino pobre da área mais pobre dos Estados Unidos. Filho único de uma família em processo de destruição, foi enviado à uma casa de acolhimento. Aos sete anos, já era um apaixonado pela natureza. Em uma pescaria, um peixe com espinhos que ele fisgou, atravessou sua pupila direita. No meio da miséria, ninguém o levou a um médico ou hospital. "A dor foi atroz e sofri durante horas", escreveu em sua autobiografia.


Meio cego, meio surdo, o Pai da Biodiversidade era racista
Maravilhosa visão esquerda.

Passado meses, finalmente o levaram para uma cirurgia que ele descreveu como um filme de terror. Perdeu definitivamente o olho perfurado. Mas, como em muitos casos, o esquerdo passou a lhe dar uma visão especialmente fina, era capaz de cortar os pelos das asas de uma mosca sem usar uma lupa.


Meio cego, meio surdo, o Pai da Biodiversidade era racista
O segundo infortúnio: ficou surdo.

À perda de visão do olho direito se somou um segundo infortúnio. Era um problema seguramente congênito que na adolescência lhe produziu uma surdez diferente: não escutava sons agudos. Isso lhe impedia de ouvir os cantos dos pássaros, por exemplo. Assim, meio cego e meio surdo, mas com uma "lupa" no único olho funcional lhe restava estudar os seres pequenos, que não fazem ruído. Foi estudar as formigas.


Meio cego, meio surdo, o Pai da Biodiversidade era racista
A Biodiversidade.

Tamanho foi seu empenho e talento que mesmo não podendo pagar, Harvard o aceitou como aluno e, depois, como professor. E foi com o dinheiro dessa universidade que Osborne realizou inúmeras pesquisas até compreender como o isolamento e o tamanho de um território afetavam a diversidade biológica. Começava a ser colocada em seu devido lugar a importância de todo e qualquer animal para a existência de todos os demais. Nascia a Biodiversidade. Mas na vida desse homem, não faltam infortúnios. Nos seus últimos anos de vida, passou a ser atacado por defender em algumas cartas, a eugenia, o racismo levado às ciências.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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