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Em Pauta

Na cozinha, as imundícies que comíamos antes do gelo

Mário Sérgio Lorenzetto | 01/09/2023 08:10
Na cozinha, as imundícies que comíamos antes do gelo
Um jovem em ascensão na Marinha do Rio de Janeiro convidou seu chefe para jantar em sua casa. Para seu horror, descobriu que, quando o prato de peixe foi colocado na mesa havia nele " muitos vermezinhos rastejando". Encontrar seu jantar em estado avançado de animação não era um acontecimento incomum. Se não estivessem em estado de decomposição, muitos alimentos teriam recebido substâncias perigosas para mudar a cor ou aumentar o volume.


Na cozinha, as imundícies que comíamos antes do gelo
Adulterando alimentos.

Quase nada, ao que parece, escapava à astúcia dos que adulteravam alimentos. O açúcar era aumentado com gesso, areia e poeira. A manteiga recebia sebo e banha. Quem tomasse chá poderia ingerir desde serragem até esterco pulverizado. Não era incomum comprar uma caixa de chá contendo a metade de areia e sujeira. Acrescentava-se ácido sulfúrico ao vinagre para dar mais acidez. Colocavam giz no leite. Arsenito era colocado em vegetais para torná-los mais brilhantes. Rolavam as cerejas na boca do vendedor para dar brilho. Cromato dava um brilho dourado aos pães. E a dos pães é uma longa história à parte,


Na cozinha, as imundícies que comíamos antes do gelo
Ossos de mortos nos pães.

O pão era particularmente mais atingido. Podia ser um composto tóxico de giz, alume e cinzas de ossos de animais mortos. Também existiram padeiros que acrescentavam farinha de feijão e cal hidratada a cada filão de pão que assavam. Para muita gente, o pão não era um mero acompanhamento de refeições, ele era, sozinho, a própria refeição.


Na cozinha, as imundícies que comíamos antes do gelo
Carne: Oxo e potes não deram certo.

Brasileiros e argentinos criavam imensos rebanhos de gado, mas não tinham como despachar a carne para a Europa. Muitas cabeças de gado eram fervidas para se aproveitar o osso, o sebo e o couro, a carne era simplesmente desperdiçada. Um químico alemão , denominado Justus Liebig, desenvolveu uma fórmula para um extrato de carne conhecido como "Oxo", mas o produto não decolou. O que se necessitava desesperadamente era de uma maneira de manter os alimentos seguros e frescos. No fim do sec.XVIII, um francês chamado François Appert lançou um livro que representou um grande avanço. O sistema de Appert consistia em colocar os alimentos em recipientes de vidro bem vedados e então aquecê-los lentamente. O método funciona muito bem. As pessoas que praticavam esse método é que não eram confiáveis simplesmente por não vedarem bem os potes de vidro. Era uma infelicidade gastrointestinal garantida. Só no início da década de 1.840, surgiu um produto "milagroso" que suscitou entusiasmo surpreendentemente e resolveu o problema da conservação de alimentos: o gelo.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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