"O homem que tem a barriga vazia é um traidor potencial"
Passada a refrega eleitoral, quando o governo Bolsonaro usou a velha tática de encher a barriga vazia do povo, seus adeptos voltam à antiga cantilena de opor-se ao Bolsa Família petista. Parece que não conseguem aprender. Essa é uma lição que tem 5.000 anos. Ao contrário do que alguns pensam, tal ensinamento não veio do Império Romano (com a política de pão e circo), sua origem está no Egito.
Eu vivi, há cinco mil anos atrás!
Os egípcios são os primeiros a cozinhar seus alimentos com óleo, que se supõe ser de origem vegetal. Mas o maior feito dessa época foi o de desenvolver o primeiro pão fermentado, e não em papa, como era na Mesopotâmia. Não custa relembrar que a cerveja era um desses pães para os mesopotâmicos, era comida e não bebida. Trata-se de uma importante revolução. Será o pão o grande responsável pela dominação dos outros povos que viviam nas imediações dos egípcios.
A alimentação depende da safra e da pilhagem.
A alimentação de cada aldeia egípcia depende de sua safra anual, mas está sujeita à pilhagem de bandidos e de nômades. Os chefes dessas aldeias sabiam perfeitamente da importância de garantir uma alimentação suficiente para cada um de seus aldeões. Um escriba que viveu há cinco mil anos, chamado Ptahotep, escreveu: "O homem que tem a barriga vazia é um traidor em potencial". São os egípcios dessa geração que desenvolvem o arado e os locais de armazenamento de alimentos.
Revoltas há quatro mil anos.
Aproximadamente há 4.000 mil anos, as queimadas nas margens do rio Nilo reduzem substancialmente as colheitas. O povo passa fome. Surgem imensas revoltas populares. O faraó Actoés aconselha seu filho Mericaré: "Um pobre pode se tornar um inimigo, um homem que vive na necessidade pode se tornar um rebelde. Acalma-se uma multidão que se revolta dando-lhe alimentos; quando o povo está furioso, que ele seja levado ao celeiro". O povo faminto derrubou esse Império. Levará quase quinhentos anos para ressurgir.