Pobre menino rico. Os tormentos da infância
Mário Sérgio Lorenzetto | 25/06/2021 07:00
Até agora falamos muitas vezes de crianças pobres, mas as crianças de famílias mais ricas também tinham de aguentar seus próprios tormentos nos séculos XIX e XX. Eram tormentos que muitas crianças pobres e famélicas ficariam felizes em suportar, sem duvida. Mas, mesmo assim, eram tormentos. Consistiam, de modo geral, no ajustamento emocional e em aprender a viver em um mundo sem afeto. Desde que saiam do ventre materno, eram criadas para que fossem obedientes é que aguentassem os sofrimentos estoicamente e fossem emocionalmente contidas.
Só um aperto de mão.
Um aperto de mão ocasional era tudo que se poderia esperar em matéria de proximidade física. O lar típico dos mais prósperos era um posto avançado da vida feia, dura, e enfaticamente desumana. Amizade, consideração e simpatia, só era possível com outras crianças. A palavra determinante era "formação de caráter", a qualquer custo e sovas.
Um aperto de mão ocasional era tudo que se poderia esperar em matéria de proximidade física. O lar típico dos mais prósperos era um posto avançado da vida feia, dura, e enfaticamente desumana. Amizade, consideração e simpatia, só era possível com outras crianças. A palavra determinante era "formação de caráter", a qualquer custo e sovas.
Onze filhos e dez pratos na mesa.
Uma das estratégias mais comuns era retirar um prato da mesa para desencorajar a demora em sentar-se. Uma família com onze filhos, só punha a mesa do café ou do almoço dez pratos. Também obrigavam os filhos a colocar sal no mingau diário, em vez dos reluzentes montes de açúcar de que seus pais desfrutavam. Também proibiam misturas de leite com caju ou melancia e outras mais. A ideia era não abusar, mesmo com a fartura de leite, caju, melancia e outras frutas. Frugalidade não era uma palavra, era regra draconiana para os pequenos. Geleia? Só para os adultos.
Uma das estratégias mais comuns era retirar um prato da mesa para desencorajar a demora em sentar-se. Uma família com onze filhos, só punha a mesa do café ou do almoço dez pratos. Também obrigavam os filhos a colocar sal no mingau diário, em vez dos reluzentes montes de açúcar de que seus pais desfrutavam. Também proibiam misturas de leite com caju ou melancia e outras mais. A ideia era não abusar, mesmo com a fartura de leite, caju, melancia e outras frutas. Frugalidade não era uma palavra, era regra draconiana para os pequenos. Geleia? Só para os adultos.
Aulas de medo e pavor.
Com essa guerra às papilas gustativas, havia uma clara determinação de impingir medo e pavor nas crianças. Faziam parte da formação do caráter. Eram extremamente populares entre os ricos.
Com essa guerra às papilas gustativas, havia uma clara determinação de impingir medo e pavor nas crianças. Faziam parte da formação do caráter. Eram extremamente populares entre os ricos.
Não temam a morte!
Os livros costumavam preparar os leitores mirins para a possibilidade da morte levá-los a qualquer momento. Se não os levassem, quase com certeza levaria sua mãe, seu papai ou seu irmãozinho favorito. Insistiam que o céu era um lugar maravilhoso - embora também sem geleia. A intenção era ajudar as crianças a não ter medo de morrer, embora o efeito fosse quase sempre o oposto.
Os livros costumavam preparar os leitores mirins para a possibilidade da morte levá-los a qualquer momento. Se não os levassem, quase com certeza levaria sua mãe, seu papai ou seu irmãozinho favorito. Insistiam que o céu era um lugar maravilhoso - embora também sem geleia. A intenção era ajudar as crianças a não ter medo de morrer, embora o efeito fosse quase sempre o oposto.
Trancados no armário.
Muitas crianças foram aterrorizadas por adultos. País, mães e criados, usavam desse castigo com frequência. Outros, eram amarrados em cadeiras ou nos pés de mesas. Eram experiências traumatizantes. Mas era apenas um "aquecimento" para o que viria a seguir. As agonias dos adolescentes nos raros internatos começava no primeiro dia. Banhos frios, surras e eliminação de qualquer coisa na alimentação que pudesse ser remotamente chamada de deliciosa, os aguardava esfregando as mãos.
Muitas crianças foram aterrorizadas por adultos. País, mães e criados, usavam desse castigo com frequência. Outros, eram amarrados em cadeiras ou nos pés de mesas. Eram experiências traumatizantes. Mas era apenas um "aquecimento" para o que viria a seguir. As agonias dos adolescentes nos raros internatos começava no primeiro dia. Banhos frios, surras e eliminação de qualquer coisa na alimentação que pudesse ser remotamente chamada de deliciosa, os aguardava esfregando as mãos.
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