Por que as mulheres maltratadas não denunciam
Os números chocam. Três de quatro assassinadas por seus maridos ou namorados não recorreram à justiça. O medo do agressor ou não ser acreditada e o efeito sobre os filhos freiam as vítimas.
Desde que foi aprovada a Lei Maria da Penha, o número de condenações cresce, mas os estudiosos dessa pauta estão se ressentindo do número de denúncia, esperavam muito mais mulheres. Acreditam que quase a metade das mulheres agredidas não denunciam por considerar que seu caso não é suficientemente grave. As vítimas são freadas pelo medo, a vergonha, a dependência emocional e econômica ou o temor de que seus filhos sofram, garantem os especialistas.
O calvário das maltratadas que denunciam.
Algumas reclamações afirmam que as vítimas creem muitas vezes que a denúncia é suficiente, "mas aí começa o calvário",
afirma uma mulher recentemente espancada que só nos prestou o depoimento com o compromisso do anonimato. "Alguns pedem que elas façam as provas do delito, o que não aconteceria se fosse um roubo". E continua: "Está consolidada a ideia de que as mulheres sofrem violência física, mas não levam em conta a violência psicológica e nem a sexual". Ela também afirma que os filhos passaram a ter problemas de comportamento, se tornaram agressivos. "Mas ninguém enxerga esse grave problema".
"A família me culpa".
As raras estatísticas mostram que para uma de cada cinco vítimas a família se torna o segundo verdugo. Depois da ira do marido, os familiares não suportam o divórcio é muito menos qualquer pena mais pesada para o marido, e passam a maltratar a mulher. Dizem que a culpada é ela ainda que nada tenha feito para levar essa acusação. Basta a ira familiar, as mudanças de hábitos, costumes e meios econômicos.
Outras mulheres afirmam que ficaram paralisadas por anos de medo do marido. E quem os leva à justiça são os parentes ou vizinhos.