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Em Pauta

Primeiros cristãos: como se desvincularam do judaísmo

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/04/2022 09:28
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A fé na ressurreição de um profeta judeu crucificado reuniu a primeira comunidade cristã, na cidade de Jerusalém. A maioria dos seguidores de Jesus era da Galileia, na Palestina. Quando passaram a acreditar que o "Cristo ressuscitou", a maior parte deles se organizou em um grupo estruturado em Jerusalém. Os que permaneceram nas aldeias da Galileia só constituíram comunidades muitos anos depois.


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O retorno do Mestre explica a escolha de Jerusalém.

Era muito arriscado escolher Jerusalém como centro da nova fé. Foi lá que as autoridades resolveram matar Jesus. A justificativa para essa escolha de um centro de fé foi o iminente retorno do Mestre, o Messias que viria ao mundo estabelecer o reino de Deus. Naquela cidade os apóstolos poderiam cumprir sua missão: convencer os judeus devotos de que Jesus era deveras o Messias. O messianismo estava muito disseminado entre os judeus. Alguns esperavam um político que restaurasse o reino de Israel. Outros aguardavam algo como o fim do mundo, a ressurreição dos mortos e a criação de um reino eterno de justiça. Quem estava à frente dessas ideias era uma seita de letrados, chamados fariseus.


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Pedro, o primeiro chefe.

O chefe do grupo inicial de Jerusalém era Pedro, um dos apóstolos instituídos por Jesus. Cerca de 3 mil pessoas atenderam o apelo dos primeiros cristãos de Jerusalém e se uniram ao grupo de crentes. Assim nasceu a primeira de todas as comunidades cristãs. Antes eram apenas 120 "irmãos", tratamento adotado entre eles desde o tempo de Jesus. Esse grupo se organizou em dois núcleos. De um lado, o dos apóstolos. Ao lado deles, em torno de Maria, a mãe de Jesus, os membros de sua família, conduzidos por um personagem que adquirira muita importância na comunidade: Tiago, designado como "irmão do Senhor".


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A caixinha para os pobres e as viúvas.

No período inicial, "todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum". Partilhar a totalidade ou uma parcela dos bens servia para alimentar uma caixa destinada a ajudar os pobres da comunidade, principalmente as viúvas. Mas, na época, isso também era praticado nas sinagogas. A diferença estava no fato que muitos dos rabinos, e de seus auxiliares, viviam na opulência.


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Eram judeus.

Eles eram judeus e se consideravam fiéis à lei judaica. Isso significava que os "irmãos" mandavam circuncidar os filhos e observavam as prescrições relativas à purificação, ao repouso do sabá, às orações matinal e da tarde ..... passavam por judeus mais fervorosos que a média. Todavia, renunciaram aos sacrifícios sangrentos praticados pelos judeus. Muito unidos entre si, apareciam como um grupo distinto. Só os saduceus, o partido das grandes famílias dos sacerdotes judeus, se inquietou com o particularismo dos "irmãos". Os saduceus tinham fortuna advinda do imposto cobrado nos templos. Os saduceus botaram sua polícia para observar de perto a nova seita judia, dirigida pelos trabalhadores rurais e pescadores da Galiléia, que eles tanto desprezavam.


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Adios judaísmo.

Paulo envolveu-se em uma luta com Tiago. Enquanto Paulo defendia que os "irmãos" não eram obrigados a se submeter às práticas judaicas, Tiago dizia que eles deveriam permanecer submetidos à autoridade do Templo judaico. Uma luta que o apedrejamento de Tiago pôs fim em 62 d.C.. logo a seguir, em 70 d.C., os exércitos romanos destruíram o Templo judaico. Os cristãos saíram da cidade. Jerusalém deixou de ser a capital do cristianismo. Os "irmãos" estavam definitivamente emancipados do judaísmo.
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