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Em Pauta

Vibia Perpétua o maior nome do cristianismo primitivo

Mário Sérgio Lorenzetto | 12/04/2020 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Uma nova ideologia estava sendo gestada. Dificilmente reconheceríamos o cristianismo original. Ele foi reescrito e reescrito inúmeras vezes. E muito adornado. A ideia de que Jesus ressuscitara e prometia o paraíso para seus seguidores não era desconcertante, não criava nenhum problema para os romanos. Existiam outras religiões com ideais ainda mais estranhas para eles. Problema, muito grave, era o fato dos cristãos não participarem dos sacrifícios e aspiravam por um novo reino, que estaria muito próximo. Um perigo.


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A pobreza era uma virtude.

Para os cristãos primitivos a pobreza era uma virtude e não um infortúnio. Logo que os governantes romanos descobriram essa ideia, o temor começou a tomar conta de suas ações. E, para completar, essa nova religião pregava um rigor na prática sexual inaceitável para os romanos, bastante liberais. Mas o cristianismo ainda não tinha muitos adeptos. Só consegue cooptar muita gente quando Paulo adere à religião. Mas, com Paulo, conseguiram chegar a aproximadamente 200 mil adeptos em um império de 50 milhões de pessoas.


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A simbologia cristã original.

Um peixe e as palavras "Cristo, filho de Deus, Salvador". Assim identificavam sua religião. Tinha mais um símbolo para identificá-los, as letras "D" e "M". Ao que tudo indica, essas letras eram símbolos voltados para o culto dos antepassados mortos. Esse culto "pagão", está presente em inúmeras culturas, inclusive nas religiões romanas. Desde seu princípio, o cristianismo foi uma mescla de ideias revolucionárias com outras conservadoras. O sincretismo é um de seus pilares.


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Morte aos cristãos.

Quanto mais perseguidos, os cristãos mais se desligavam a sua religião. Mas, apesar de seus esforços, ainda não era uma religião de muitos. À medida que o cristianismo crescia, aumentava as perseguições. Muitos foram sacrificados. Entravam em choques constantes com as autoridades.


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O martírio de Vibia Perpétua.

Hoje quase esquecido, o martírio de Vibia Perpétua impulsionou enormemente o crescimento do cristianismo. No ano 203 d.C. uma cidadã romana e sua serva foram jogadas às bestas selvagens em um anfiteatro. Perpétua era filha de um rico nobre de Cartago. Felicidade era a governanta de sua casa. Ridicularizadas e estraçalhadas pelos animais, seguiam vivas. Um gladiador tentou matá-las. Perpétua tomou a adaga do gladiador e a deu a sua governanta. O único delito das duas mulheres era a religião que professavam: eram cristãs. Não era comum uma cidadã romana morrer nesses lugares onde matavam escravos e assassinos.


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A maior propaganda do cristianismo primitivo.

A piedosa resistência e morte dessa mãe romana se converteu na maior propaganda do cristianismo. É nesse momento que se sacramenta para sempre a ideia de que seus oponentes não podem ser convertidos em mártires que viceja até nossos dias.
Com Perpétua e Felicidade o catolicismo deu início à narrativa do bem contra o mal. E do martírio, um ato que seria a grande prova da fé. Passaram a ser executados nos anfiteatros caminhando e rezando de mãos dadas, sem medo. O paraíso os aguardava. Afinal quem quer crer vê e sente coisas que o descrente não vê e nem sente.


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A reação de Roma.

No início do século III, os governantes romanos resolveram reagir contra o fabuloso crescimento do cristianismo. Estava virando um império religioso dentro do secular império terreno de Roma. Determinaram que em todas as províncias fossem verificados sacrifícios de animais. Quem se opusesse a essa regra, seria executado. Aqueles que se rendiam aos ditames ditatoriais, recebiam um documento retirando-os da fila do martírio. Esses papéis ainda existem. Essa ordem vigorou por sangrentos dois anos.


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O grande pacto de Roma com os cristãos.

Mas, logo a seguir, um novo imperador fez um pacto com o cristianismo. Seu nome era Constantino. O Deus cristão passava a ocupar o trono dos demais deuses. Constantino unificou o império terreno romano com o religioso cristão. Esse imperador construiu uma belíssima e imensa cidade para que ele e a fé que assumia o poder fossem adorados. Constantinopla era seu nome. A maior igreja da cristandade foi erigida. Era a Santa Sofia, ainda em pé, mas esvaziada, ocupa o centro do que hoje denominamos Istambul. Helena, sua mãe foi a responsável pelo redescobrimento de todos os lugares sagrados cristãos de Jerusalém. Paulo, Perpétua e Felicidade, Constantino e Helena, são os grandes nomes do cristianismo primitivo. Dos cinco, só Paulo viu a igreja preservar e propagandear seu nome. O esquecimento de Perpétua, Felicidade, Constantino e Helena é uma lástima.
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