Queda de inadimplentes em MS não chega nem perto de 1%, mesmo após Desenrola
Segundo a Serasa, se comparar julho e agosto, o recuo em devedores foi de apenas 325 pessoas ou 0,03%
Mesmo após os programas para ajudar a população a limpar o nome, como o Desenrola e o Renegocia, a queda no número de inadimplentes em Mato Grosso do Sul ainda não chama atenção. Se comparar o mês de julho (1.045.187 inadimplentes) com agosto (1.044.862), a retração é de apenas 325 pessoas ou 0,03%. Os dados foram repassados pela Serasa.
O Estado contabiliza R$ 5,4 bilhões em dívidas, com média de R$ 5,2 mil para cada pessoa na lista de inadimplentes.
Em relação aos tipos de dívidas, bancos e cartões de créditos são os principais, com 32% do total; dívidas financeiras, 16%; e varejo, 15%.
Segundo especialista em Educação Financeira, Clara Aguiar, apesar de parecer pouco, ela destaca que já está dando sinais. “Vendo os números de agosto em relação a julho, tem essa sensação que foi pouco, mas vínhamos com taxa de inadimplência com número muito expressivo, aumentando a cada mês. Em junho e julho começou a ter uma baixa. Até consideramos que se manteve estável. Esses resultados tem, sim, impacto de todo o assunto de negociação de dívidas”, defende.
A primeira etapa do Desenrola começou no dia 17 de julho, limpando o nome de pessoas com dívidas de até R$ 100. A segunda etapa está prevista para começar na próxima segunda-feira (25), com dívidas de até R$ 5 mil.
Além disso, os consumidores também tiveram oportunidade com o Renegocia, que começou no dia 24 de julho e terminou no dia 11 de agosto.
No Desenrola são válidas apenas dívidas bancárias, já no Renegocia foram inclusas dívidas bancárias e não bancárias, como empresas de telefonia, água, energia elétrica.
Na visão do economista Marcio Coutinho, o que pode explicar é que as dívidas não foram perdoadas. “Quando o governo lançou o Desenrola, a primeira etapa era para pessoas que tinham o nome sujo com dívidas de até R$ 100. Isso não significa que as dívidas foram perdoadas, o que foi perdoada foi a negativação, mas as pessoas continuavam devendo. Talvez essa seja uma das explicações. A grande verdade é que as pessoas não estão muito preocupadas com isso, ou se estão, não tem condições de resolver”, disse.
Comportamento financeiro - Pesquisa “Finanças Regionais – As Diferenças”, feita pela Serasa com 299 pessoas, mostrou que em Mato Grosso do Sul 57% disseram ter contratado crédito no último ano.
O principal objetivo é pagar dívidas para 38%; limpar o nome (22%); e pagar despesas inesperadas (18%).
Os métodos mais procurados e contratados no Estado são empréstimo pessoal (51%) e cartão de crédito (46%).
A pesquisa mostra também que o Pix, cartão de crédito e cartão de débito são os principais meios de pagamento entre os consumidores.
Em relação ao corte de despesas considerada desnecessárias para controlar as finanças, Mato Grosso do Sul obteve percentual de 91%.
Ainda conforme o economista Marcio, o que falta é educação financeira. “O maior problema é a falta de educação financeira do brasileiro. Como somos bombardeados por promoções, somos induzidos a consumir, acaba consumindo, acaba gastando, sem uma certa consciência. Assume parcelas e fala que depois dá um jeito e vai levando aos trancos e barrancos", destacou.
De acordo com a Serasa, entre os motivos principais para fazer o controle das dívidas estão não endividar (45%), seguido por melhorar a gestão do dinheiro (38%) e ter uma reserva de segurança (38%). No entanto, 56% não conseguem ou conseguem se planejar apenas parcialmente.
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