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Economia

Queda de inadimplentes em MS não chega nem perto de 1%, mesmo após Desenrola

Segundo a Serasa, se comparar julho e agosto, o recuo em devedores foi de apenas 325 pessoas ou 0,03%

Por Izabela Cavalcanti | 22/09/2023 16:49
Homem segura sacola com compras feitas, no Centro de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)
Homem segura sacola com compras feitas, no Centro de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

Mesmo após os programas para ajudar a população a limpar o nome, como o Desenrola e o Renegocia, a queda no número de inadimplentes em Mato Grosso do Sul ainda não chama atenção. Se comparar o mês de julho (1.045.187 inadimplentes) com agosto (1.044.862), a retração é de apenas 325 pessoas ou 0,03%. Os dados foram repassados pela Serasa.

O Estado contabiliza R$ 5,4 bilhões em dívidas, com média de R$ 5,2 mil para cada pessoa na lista de inadimplentes.

Em relação aos tipos de dívidas, bancos e cartões de créditos são os principais, com 32% do total; dívidas financeiras, 16%; e varejo, 15%.

Segundo especialista em Educação Financeira, Clara Aguiar, apesar de parecer pouco, ela destaca que já está dando sinais. “Vendo os números de agosto em relação a julho, tem essa sensação que foi pouco, mas vínhamos com taxa de inadimplência com número muito expressivo, aumentando a cada mês. Em junho e julho começou a ter uma baixa. Até consideramos que se manteve estável. Esses resultados tem, sim, impacto de todo o assunto de negociação de dívidas”, defende.

Gráfico mostra número de inadimplentes nos três últimos meses (Arte: Barbara Campiteli)
Gráfico mostra número de inadimplentes nos três últimos meses (Arte: Barbara Campiteli)

A primeira etapa do Desenrola começou no dia 17 de julho, limpando o nome de pessoas com dívidas de até R$ 100. A segunda etapa está prevista para começar na próxima segunda-feira (25), com dívidas de até R$ 5 mil.

Além disso, os consumidores também tiveram oportunidade com o Renegocia, que começou no dia 24 de julho e terminou no dia 11 de agosto.

No Desenrola são válidas apenas dívidas bancárias, já no Renegocia foram inclusas dívidas bancárias e não bancárias, como empresas de telefonia, água, energia elétrica.

Na visão do economista Marcio Coutinho, o que pode explicar é que as dívidas não foram perdoadas. “Quando o governo lançou o Desenrola, a primeira etapa era para pessoas que tinham o nome sujo com dívidas de até R$ 100. Isso não significa que as dívidas foram perdoadas, o que foi perdoada foi a negativação, mas as pessoas continuavam devendo. Talvez essa seja uma das explicações. A grande verdade é que as pessoas não estão muito preocupadas com isso, ou se estão, não tem condições de resolver”, disse.

Comportamento financeiro - Pesquisa “Finanças Regionais – As Diferenças”, feita pela Serasa com 299 pessoas, mostrou que em Mato Grosso do Sul 57% disseram ter contratado crédito no último ano.

O principal objetivo é pagar dívidas para 38%; limpar o nome (22%); e pagar despesas inesperadas (18%).

Os métodos mais procurados e contratados no Estado são empréstimo pessoal (51%) e cartão de crédito (46%).

A pesquisa mostra também que o Pix, cartão de crédito e cartão de débito são os principais meios de pagamento entre os consumidores.

Tabela mostra principais meios de pagamento em Mato Grosso do Sul (Arte: Lennon Almeida)
Tabela mostra principais meios de pagamento em Mato Grosso do Sul (Arte: Lennon Almeida)

Em relação ao corte de despesas considerada desnecessárias para controlar as finanças, Mato Grosso do Sul obteve percentual de 91%.

Ainda conforme o economista Marcio, o que falta é educação financeira. “O maior problema é a falta de educação financeira do brasileiro. Como somos bombardeados por promoções, somos induzidos a consumir, acaba consumindo, acaba gastando, sem uma certa consciência. Assume parcelas e fala que depois dá um jeito e vai levando aos trancos e barrancos", destacou.

De acordo com a Serasa, entre os motivos principais para fazer o controle das dívidas estão não endividar (45%), seguido por melhorar a gestão do dinheiro (38%) e ter uma reserva de segurança (38%). No entanto, 56% não conseguem ou conseguem se planejar apenas parcialmente.

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