Sol castiga lavouras de soja e falta de chuva deixa produtores apavorados
Agricultores apavorados e lavouras de soja comprometidas pela falta de chuva. Esse é o cenário atual na Grande Dourados e nos municípios da fronteira com o Paraguai – duas das principais regiões produtoras de Mato Grosso do Sul. Quem semeou a soja cedo vê a planta germinar e ser castigada pelo sol.
Já o produtor que fez o plantio mais recentemente perde o sono por saber que a semente está sob a terra a uma temperatura de até 60 graus no solo e dificilmente vai nascer se não chover nos próximos dias. Neste mês só choveu nos dias 5 e 6 em Dourados, mas apenas 6,4 milímetros.
No município de Dourados o plantio foi feito em menos de 20% dos 150 mil hectares destinados à lavoura de soja. A maioria tirou as máquinas da roça e decidiu esperar a chuva. Na região de fronteira, metade das lavouras já foi plantada e nessas áreas as perdas serão maiores.
Luis Renato Peixoto Cavalheiro, presidente da Aeagran (Associação dos Engenheiros Agrônomos da Grande Dourados), informou ao Campo Grande News que a realidade das lavouras neste momento é desoladora. “Fui a uma lavoura ontem e dá tristeza de ver a soja que germinou morrendo por causa do sol forte”.
Cavalheiro avalia que os prejuízos são inevitáveis e que o consolo agora é tentar amenizar as perdas e evitar aumentar os custos. “Nossa recomendação é para que o produtor seja sensato e não plante sem condições climáticas favoráveis. Ainda estamos na época ideal de plantio. Quem se antecipou e plantou em regiões onde teve chuva agora vê a soja morrendo por causa do sol e do calor forte. Quem plantou mesmo sem chuva terá de fazer o replantio porque em boa parte das áreas a semente não germinou e se não chover logo vai cozinhar embaixo da terra. Pedimos que o produtor espere um pouco mais, espere uma boa chuva”.
Entretanto, o próprio especialista fala que para os próximos dias não tem previsão de chuvas consideráveis. “Tem previsão de chuva esparsa na semana que vem, mas não o suficiente para favorecer o plantio”. Previsões do Inpe/CPTEC não são nada animadoras. Chuva só na segunda e terça da próxima semana e mesmo assim em pancadas esparsas.
“Neste momento é importante que o produtor tenha preocupação em reduzir os custos de produção, que variam de R$ 1.700 a R$ 2.200 por hectare. Quem plantou e a semente não nasceu vai ter que replantar e isso significa mais custo. O produtor que aumentar demais os custos de produção corre o risco de perder a safra. Além das condições climáticas desfavoráveis, não existe expectativa de bons preços para a safra. Se gastar demais agora não dá para recuperar depois”, afirmou Luis Cavalheiro.