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Educação e Tecnologia

Alunos criam instrumento que calcula velocidade do vento, usando recicláveis

Protótipo foi feito por 3 alunos do 8° ano em MS e será levado à feira nacional de ciências

Idaicy Solano | 15/08/2023 12:59
Os alunos Everton, Vitória e Milena realizaram o projeto que foi classificado para a fase nacional da Febic, sob a orientação do professor Juscelino (Foto: Henrique Kawaminami)
Os alunos Everton, Vitória e Milena realizaram o projeto que foi classificado para a fase nacional da Febic, sob a orientação do professor Juscelino (Foto: Henrique Kawaminami)

Protótipo de um anemômetro, instrumento que calcula a velocidade do vento, feito de materiais recicláveis e desenvolvido por três alunos do 8° ano, da Escola Municipal Doutor Tertuliano Meireles, foi classificado para a fase final da Febic (Feira Brasileira de Iniciação Científica). O grupo irá representar Mato Grosso do Sul em feira que vai reunir cerca de 120 projetos de todo o país. O evento será realizado na cidade de Pomerode, em Santa Catarina, entre os dias 2 e 6 de outubro.

Os responsáveis pelo projeto são os alunos Everton José Guedes dos Santos, de 13 anos, Milena Gabrielly Artiaga, de 14 anos, e Vitória Brandão de Abreu, de 13 anos, sob a orientação do professor de matemática Juscelino Rodrigues Macina Júnior, 37 anos. O protótipo foi criado a partir de varas de bambu, copos descartáveis e canudos.

O professor tinha uma ideia no papel, mas precisava que alguém topasse o desafio. Foi nesse momento que ele teve a ideia de unir o trio, após observar o desempenho dos alunos em sala de aula. Para cada um dos integrantes, uma qualidade foi detectada e valorizada durante o processo.

"Primeiramente tive a oportunidade de escolher alguém que tivesse uma habilidade em cálculos, outro aluno com habilidade em escrita e outro com habilidade em raciocínio lógico. Eles tinham que se complementar durante [o desenvolvimento] do projeto", explica Juscelino.

Para criar a base do projeto, o professor explica que aplicou o conteúdo teórico da Base Nacional Curricular, ministrado em sala de aula, à atividade prática. O desenvolvimento da pesquisa foi realizado pelos alunos, sob a orientação do profissional. Na hora de tirar a ideia do papel, Juscelino auxiliou nos cálculos.

Foram feitos três protótipos, até chegarem ao modelo que deu certo. O processo foi de aprendizado através da tentativa e erro. Como em todo projeto, a cada falha era necessário voltar aos papéis e tentar descobrir o que não estava funcionando e começar de novo.

Nós construímos três e deu errado. A experiência e a construção da sabedoria deles veio do erro. Esse processo de erro foi aumentando o aprendizado", declara Juscelino.

O professor de matemática Juscelino explica como foi o processo de desenvolvimento da pesquisa ao lado dos alunos (Foto: Henrique Kawaminami)
O professor de matemática Juscelino explica como foi o processo de desenvolvimento da pesquisa ao lado dos alunos (Foto: Henrique Kawaminami)

O anemômetro é um instrumento capaz de calcular a velocidade do vento e é utilizado para identificar regiões adequadas para fazer a instalação de estações eólicas. Os testes com os protótipos foram feitos no muro da escola.

Trabalho em equipe - Todo o desenvolvimento do projeto foi uma experiência nova para Everton, Milena e Vitória. Os três nunca haviam trabalhado juntos e também nunca haviam desenvolvido um projeto cientifico. Eles foram introduzidos à pesquisa científica pelo professor em fevereiro de 2023.

A estudante Milena comenta que o desenvolvimento do projeto foi um processo de aprendizagem para o grupo. "Tinha certas coisas que a gente não sabia, e a gente teve que ir aprendendo com o tempo". Everton completa que o projeto foi uma forma de conseguir introduzir os conteúdos de uma forma produtiva, criativa e na prática.

É um pouco estressante, quando você está fazendo uma coisa e ela não evolui. Mas quando conseguimos evoluir veio uma vontade maior de continuar", declara a aluna Vitória, sobre os desafios encontrados na pesquisa.

Da esquerda para direita, Milena, Everton, Vitória e Juscelino discutem o projeto classificado para a fase nacional de feira de científica (Foto: Henrique Kawaminami)
Da esquerda para direita, Milena, Everton, Vitória e Juscelino discutem o projeto classificado para a fase nacional de feira de científica (Foto: Henrique Kawaminami)

Um dos maiores desafios na pesquisa, conforme observa o professor, é alinhar a equipe com o trabalho e as expectativas, pois nem sempre há a garantia que a ideia vá funcionar. "É difícil você falar algo que não é palpável, como é que você vai investir seu tempo de estudo em algo que você não sabe se vai dar certo?", pondera.

O professor, porém, elogia o comprometimento do grupo, que se dedicou a trabalhar no projeto no contraturno das aulas e os alunos passaram as férias escolares de julho estudando para a defesa na fase virtual da Febic, quando se classificaram para a fase nacional. O orientador também menciona que a direção do colégio disponibilizou as salas de aula para realizarem a pesquisa no contraturno e apoiou o projeto do início ao fim.

Próxima fase - Os alunos agora se preparam para a fase final da Febic, que será presencial, no Estado de Santa Catarina. Para o professor do trio, a participação significa além de perder ou ganhar, pois só o evento, em si, já irá proporcionar um ganho cultural e troca de experiência aos alunos.

"Eles verem essa cultura, essa troca de ideia com outros alunos que são pesquisadores também vai motivá-los e vai abrir a mente para o ano que vem desenvolver um outro projeto, e buscar sua própria a própria autonomia, buscar a área que mais te anima a fazer isso", finaliza o professor.

Vitória relembra que foram chamados na sala dos diretores da escola para receber a notícia da classificação. "Sinceramente, quando nós começamos o projeto, eu achei que não ia dar certo. Porque é uma coisa nova, nunca participamos de uma coisa assim. E quando fomos aprovados, foi uma felicidade tão grande".

A tela do computador mostra o modelo do protótipo na pesquisa; grupo reproduziu o projeto três vezes, até dar certo (Foto: Henrique Kawaminami)
A tela do computador mostra o modelo do protótipo na pesquisa; grupo reproduziu o projeto três vezes, até dar certo (Foto: Henrique Kawaminami)

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