Há 1 mês em greve, professores levam 'luta' por salário à Praça do Rádio
Categoria ocupou Praça do Rádio nesta segunda-feira (03); movimento estudantil apoiou manifestação
Servidores técnico-administrativos e professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) e UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) ocuparam a Praça do Rádio nesta segunda-feira (03) em protesto pelo recomposição salarial revisão orçamentária e outras reivindicações das categorias.
Há um mês em greve, os professores promoveram a ‘Marcha em Defesa da Educação Pública Federal’ com apoio dos técnicos-administrativos, sindicatos e movimentos estudantis. Professora e presidente da Adufms (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Mariuza Guimarães fala que a expectativa é garantir pelo menos a recomposição salarial.
Ela explica que a categoria espera que o Governo Federal atenda a última proposta. “Nosso sindicato nacional já tinha feito uma proposta de 7.12% em 2024, 9% em 2025 e 5.16% em 2026 que não foi considerada pelo Governo. Nós baixamos esse índice de 7.12% para 3.69% em 2024”, diz.
Além disso, a reivindicação também se estende para os profissionais que já se aposentaram, pois esse grupo não foi contemplado. “Tivemos reajuste nos benefícios que não são devidos aos aposentados, então isso significa que nossos colegas não receberiam nada de recomposição ficando com perdas muito mais significativas”, fala.
Na Praça do Rádio, 500 pessoas compareceram no ato que contou com apoio de movimentos estudantis e os sindicatos Além da Capital, professores e técnicos administrativos de Corumbá, Dourados, Aquidauana, Ponta Porã, Nova Andradina participaram da manifestação.
Técnica-administrativa do IFMS e diretora do Sinasefe, Shirley Araújo comenta que a situação da categoria hoje é de ‘penúria’. “Hoje o salário de entrada é um e meio, é muito baixo, para uma carreira que é da educação. Deveria ser prioridade número um porque a educação contribuiu em outros fatores”, pontua.
Professora do curso de Medicina da UFMS, Silvia Uhara defende que a recomposição salarial é essencial, assim como a recomposição do orçamento das universidades para melhorar as condições dos laboratórios e aparelhos. “A gente precisa ter melhores condições de trabalho e salário para melhorar a formação dos profissionais”, afirma.
Professora de Dourados, Nôemia Moura veio para a Capital representando o ADUF (Sindicato de Docentes da Universidade Federal da Grande Dourados. Professora há mais de 30 anos, ela reforça que a luta da categoria é constante.
“Nós professores, técnicos, estudantes nunca ganhamos nada de graça. Apesar de ser cansativo, a gente sabe que só no movimento social a gente consegue alguma coisa. Nesse momento, mais uma vez, a gente está organizado em torno de uma pauta muito importante que é a reestruturação das nossas universidades”, fala.
Quase 10 anos depois - Desde 2015 a UFMS não para. Naquele ano, a paralisação começou em 15 de junho e seguiu até 14 de outubro, com 4 meses sem aulas. A anterior, em 2012, durou 90 dias.
Desta vez, os professores reivindicam reajuste salarial de 22,71%, em três parcelas anuais de 7,06% cada, começando em 2024. Já os técnico-administrativos cobram 34%, também dividido até 2026 e já estão parados desde março.
O Governo Federal apresentou contraproposta de reajuste de 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. Mas a categoria não abre mão de percentual já em 2024, porque também contemplaria os aposentados.
Outro pedido que emperra as negociações é a equiparação do auxílio-alimentação aos valores pagos ao Legislativo e Judiciário federais.
Na pauta nacional unificada, entra ainda a revogação de portaria do Ministério da Educação que estabelece aumento da carga horária mínima de aulas e o controle de frequência por meio do ponto eletrônico para a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Outra reivindicação é a revogação das mudanças para o Novo Ensino Médio e na Base Nacional Comum para a Formação de Professores, normas aprovadas nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
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