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Arquitetura

Brejo e esgoto precário já foram terror na história de Campo Grande

Prefeitura precisou emprestar 10 mil contos de réis (mais de R$ 5 milhões) para resolver sistema de tratamento

Por Aletheya Alves | 27/06/2024 06:51
Visão geral da Rua 14 de Julho em 1938. (Foto: Reprodução/Campo Grande: arquitetura urbanismo e memória)
Visão geral da Rua 14 de Julho em 1938. (Foto: Reprodução/Campo Grande: arquitetura urbanismo e memória)

Já imaginou ver parte das ruas Barão de Melgaço, Joaquim Murtinho e 26 de Agosto tomadas por tanto brejo que chegava a ser difícil pensar em construções por ali? E uma Capital com rede de esgotos precária? Esse era o cenário de Campo Grande em 1937, antes de um empréstimo ser necessário para mudar tudo.

Na época, quem chefiava a cidade era Eduardo Olímpio Machado e, quando assumiu o cargo de prefeito, precisou lidar com os dois problemas e com uma alta quantidade de dívidas deixadas por outros governantes. Quem conta sobre esse cenário de arquitetura e urbanismo da época é Ângelo Marcos Vieira de Arruda em uma de suas publicações sobre o primeiro plano diretor da Capital.

Para quem não sabe, plano diretor é um do imento que orienta a ocupação e desenvolvimento da parte urbana das cidades. E, até 1937, Campo Grande não tinha nenhum.

“Preocupado com a questão do saneamento básico, que envolvia uma urgente ampliação da rede de abastecimento de água, uma completa rede de esgotos com sistema de tratamento, além dos problemas de drenagem urbana, o prefeito tratou de resolver o problema e assim conseguiu aprovar na Câmara de Vereadores uma lei que autorizava a contratar um empréstimo no valor de 10 mil contos de réis”, descreve Ângelo no livro Campo Grande: arquitetura, urbanismo e memória.

Mapa do plano urbanístico desenvolvido na época. Foto: Reprodução/Campo Grande: arquitetura urbanismo e memória)
Mapa do plano urbanístico desenvolvido na época. Foto: Reprodução/Campo Grande: arquitetura urbanismo e memória)

E, para desenvolver o plano diretor, o selecionado foi o escritório Saturnino de Brito, empresa dirigida pelo filho do urbanista brasileiro mais famoso da época, Francisco Saturnino Rodrigues de Brito.

Foi a partir das decisões desse plano que Campo Grande passou a ter definições como estilo das construções, condições técnicas, prolongamento de ruas, localização de edifícios públicos, vilas operárias, bibliotecas e outros. Tudo isso fez com que a cidade deixasse de se desenvolver de forma aleatória e começasse a realmente se organizar.

Apesar de ser entregue em 1938, o plano só virou lei em 1941. E, entre seus destaques, estava o zoneamento da cidade, nomas para construção, tipos de licenças e aprovação dos profissionais que poderia trabalhar.

“A Zona Central ou Comercial compreendia a parte mais histórica e central de Campo Grande; a Zona Industrial englobava as ruas mais antigas da cidade, às margens do Córrego Prosa, no caso a Rua 26 de Agosto, Barão de Melgaço e Joaquim Murtinho, onde havia terrenos brejosos e de difícil construção naqueles tempos; a Zona Residencial era um quadrilátero formado pela Avenida Mato Grosso, 25 de Dezembro, Avenida Afonso Pena e 13 de Maio, uma clara separação das zonas comercial e industrial, apesar da proximidade destas”, descreve Ângelo Marcos.

Conjunto de "Fordinhos" no antigo Passeio Público, na década de 1920. (Foto: Arquivo/Arca)
Conjunto de "Fordinhos" no antigo Passeio Público, na década de 1920. (Foto: Arquivo/Arca)

Sobre essa separação de áreas, ainda havia as “Zonas Mistas de 1ª e de 2ª categoria”. E, de forma geral, a nova lei exigia construções de no mínimo dois pavimentos nas ruas 14 de Julho, Dom Aquino, Barão do Rio Branco e na 13 de Maio.

Já as vilas só poderiam ser construídas fora da área central e com uma distância de 200 metros entre uma e outra, como detalha o autor.

E, para fechar os problemas citados lá no início, foi com esse plano que Campo Grande começou a pensar sobre os problemas de saneamento e dos brejos. Foi criada a Comissão Municipal de Saneamento para análise de uso de águas de córrego.

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