'Casa mágica' foi paixão à 1ª vista de quem usa lugar com criatividade
No Centro, imóvel antigo ganhou cores vibrantes e é usado como ateliê de costura e espaço para dois brechós
Na Rua Tv. Gen. Wolgrand, a casa branca é uma dessas residências antigas difíceis de encontrar em boas condições na cidade. O roxo do portão, janelas, porta e o verde vibrante em uma das paredes contrastam com a cor neutra. Tudo ali tem um toque de cuidado que encanta.
A casa, que não tem idade certa, serve de espaço para um ateliê de costura e dois brechós. Em 2018, Vanda Sol, de 58 anos, procurava imóveis pela cidade, pois queria um lugar onde pudesse realizar os trabalhos de costura e dar aulas. Foi olhar pela primeira vez para a residência que ela não teve dúvidas. A costureira não precisou atravessar o portão para saber que ali era o endereço certo para ficar.
À primeira vista, Vanda conta qual foi a impressão que teve da residência e o motivo de ter o escolhido. “Quando desci do carro, me encantei porque primeiro é aquela lembrança da infância. A frente, a fachada, lembrou a casa dos meus avós em Aquidauana. A hora que eu vi, falei: ‘É aqui que eu quero’. Quando entrei, eu adorei”, fala.
Ao passar pela porta roxa com um ramo artificial de girassol e chegar ao primeiro ambiente, são as roupas do Meio-Fio Brechó, de Angela Batista, de 30 anos, que estão ali. No centro, tem uma mesa de bobina com um vaso de planta, enquanto as araras estão posicionadas em três lados diferentes.
A sala é integrada com o outro cômodo da primeira porta à esquerda onde fica o Ateliê Escola de Costura da Vanda. Quando ela alugou a casa, fez poucas mudanças, sendo uma das que mais chamam atenção a pintura roxa.
A cor, segundo a professora de costura, tem um significado que vai ao encontro das atividades desenvolvidas na residência. “Cada um que vem põe a sua cor na sala, dá a sua vida. Eu gosto muito do roxo, do verde, amarelo e fui fazendo a minha cor. O roxo tem a ver com criatividade e espiritualidade e eu acho que a gente trabalha numa área de criatividade e humanidade que envolve o que somos, então gosto muito”, diz.
Desde que alugou o imóvel, Vanda vez ou outra recebe alguém que tem alguma história ou lembrança associadas a ele. “Vez ou outra chega alguma pessoa que fala: ‘Ah meus bisavôs moravam aqui, meu namorado, que foi vizinho”, conta.
Ao todo, são quatro ambientes interligados, além da cozinha e o banheiro que ficam aos fundos. Depois de passar pela sala do Brechó Meio-Fio, o próximo é o Brechó Repeat da Melissa Dias dos Santos, de 25 anos. De primeira, é impossível não notar o painel colorido na parede, que forma com a tinta espécies de ondas. No topo também foi pintado ‘Repeat + Meio-Fio’.
Nesse outro ambiente, a decoração de madeira é representada pela presença da mesa central, o armário de prateleira onde estão as sacolas e alguns cintos vendidos pelo brechó. No decorrer das paredes foram pendurados diversos quadrinhos, sendo alguns deles próximo a prateleira ocupada por plantas.
Em 2018, a professora de costura não dividia espaço com os brechós, porém o intuito sempre foi que a casa servisse para promover esse encontro de moda e outras vertentes. “Quando mudamos para cá, pensamos em fazer um coletivo, esse ajuntamento de pessoas da área da moda especificamente. Não só da moda, mas que envolve cultura e arte”, explica.
Há cerca de 1 ano, Angela Batista passou a comercializar as peças vintages na casa. As calças de alfaiataria, as jaquetas, blazer, vestidos e outras roupas que recuperam estilos de outras décadas acabam combinando com o aspecto antigo do imóvel.
A brechozeira comenta que gosta dessa proposta e que os olhos estão sempre voltados para coisas assim. “A gente tem um amor muito grande por essa casinha. Eu sempre gostei dessas construções antigas e normalmente quando saio para viajar uma das coisas que mais adoro é olhar as construções do lugar. Quando vim pra cá uma das coisas que mais me apaixonei foi nesse estilo dela, nessa casa de vozinha, esses arcos, tudo deixa bem apaixonante”, afirma.
Com a perspectiva de que o vintage tem uma delicadeza nos detalhes, Angela fala que o cuidado e o carinho que todas dedicam à casa reflete na sensação que ela transmite para os visitantes. “Além de ter essa arquitetura que a gente gosta muito, a gente diz que aqui é uma casinha iluminada. O espaço transmite muita calma, amor e a gente faz de tudo para preservar essa essência de a pessoa vir aqui e se sentir bem. É uma casinha mágica”, destaca.
'A casinha mágica' tem um quintal enorme que dá boa distância entre o portão até a porta principal. O trajeto entre essas duas passagens faz qualquer um parar para observar o desenho de uma mulher com asas de borboleta. Já parte da fachada da casa ganhou círculos coloridos bem delicados.
Futuramente, a ideia das mulheres é voltar a fazer os encontros de sarau e garimpos que animavam o quintal antes da pandemia. A intenção, segundo Vanda, é que as pessoas possam permanecer sem tanta pressa de partir. “A ideia é poder fazer esse espaço de ficar e sentir", frisa.
O horário de funcionamento dos brechós e ateliê é de segunda a sexta, das 10h30 às 18h. Aos sábados, a visita aos brechós é com horário marcado. O endereço é Tv. Gen. Wolgrand, 74, Centro.
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