Com móveis feitos de portas e janelas, casal cria restaurante que só abre sexta
Decoração é rústica e cardápio vai de Baião de Dois aos frutos do mar no local que funciona na base da reserva
A experiência na “Panelinha Prosa e Cachaça”, no Bairro Monte Castelo, não é apenas no sabor. A decoração é uma característica bem marcante. Janelas antigas viraram vitrines de cachaça e portas se transformaram em mesas. “Desde pequeno gosto de mexer com madeira e trabalhar com material de demolição, por isso a decoração rústica”, explica Ronaldo Abrão.
Ele tem 61 anos é farmacêutico e marceneiro nas horas vagas. Em suas mãos, nada se perde. Com um portal de madeira, uma grade de janela e vidro ele criou uma mesa grande. “Isso tem um valor de venda alto, pois é feito com madeira de peroba e as manchas dela, mostram que tem quase 100 anos. Comprei uma casa de madeira e demoli para pegar os materiais”, conta.
Nas mesas menores, feitas para atender até dois casais, Ronaldo usou piso para dar um ar de descontração. “Vi que um amigo comprou e achei bonito. Perguntei onde ele comprou e resolveu me trazer dez, aí coloquei nas mesas”, diz. Criatividade é o que não falta na cabeça desse inventor que fez outra porta virar uma porta bolsas.
A decoração da varanda também teve o toque da esposa, Wilma Abrão, 58 anos. “A gente gosta do rústico e o lado da cozinha mesmo é bem fazenda”, comenta ela.
Na parte da cozinha, objetos antigos, com moedor de café, frigideiras, arado, facão e até berrante foram pendurados na parede. Numa prateleira, Wilma colocou um jogo de xícaras e um bule de alumínio vermelho, dando um ar retrô. Para iluminar o fogão, uma luminária de madeira foi instalada. Ela é artesã e sempre gostou de decoração, o que ajudou muito na hora de montar o próprio espaço.
O restaurante abre apenas na sexta-feira, a partir das 20h e é preciso reservar uma vaga, pois a capacidade é 40 pessoas. A varanda tem 12x7 m² e do lado esquerdo fica a cozinha com fogão a lenha e do outro, o espaço onde os convidados são servidos.
O casal preparou ainda uma área aberta para proporcionar aconchego. Os clientes que quiserem sentar ao ar livre podem ficar a vontade para escolher o local, se é perto do pé de acerola ou próximo do pergolado. Bancos foram instalados na área e o convidado pode apreciar um drink ou jogar conversa fora observando as estrelas no céu.
Eles estão acostumados com a casa cheia. “Moramos há 30 anos e é a primeira residência da quadra. Antes era menor, mas em 2008 fizemos uma reforma e aumentamos”, contam. No começo, a ideia era montar uma cachaçaria já que Ronaldo é sommelier, porém o casal não achava um local bacana. “Olhava todos os lugares, mas queria um espaço igual esse da nossa varanda. Até que um amigo deu a ideia e fizemos”, relata Wilma.
“Começamos fazer para ver como era e chamamos os amigos, que trouxeram outros e virou ponto de encontro. Já recebemos pessoas que não víamos há muitos anos, teve gente que se reencontrou sem combinar”, comenta o marido.
O jantar é servido lá pelas 21h30 e o cardápio é escolhido no começo na semana, pela primeira que pessoa que solicita a reserva. O preço varia de R$25 a R$50 e no menu tem “Galinhada” com creme de milho e salada; “Baião e dois” com linguiça com queijo e salada; Sobá e Yakisoba; Massas com nhoque de bolonhesa, de frango, lasanha, talharim ao pesto, Penne vegetariano e salada.
Tem ainda o “Boi ralado” de arroz boliviano, barquinha de abobrinha, rocambole, escondidinho de mandioca e salada; Bife a parmegiana com batata souté, batata chips e salada; comida árabe com entrada de antepasto de berinjela, coalhada seca, quibe cru, charuto, arroz árabe ou arroz marroquino, kafta e tabule. Outra opção do menu é a moqueca de pintado com a salada de bacalhau, arroz pirão e salada. Também tem a “Paella de frutos do mar” com cuscuz e salada.
“Faço a comida e quando não sabia, olhava receita na internet. Nossos filhos, Renata e Thiago começaram com a gente e atendiam as mesas, mas pararam por conta de outros compromissos”, lembra Wilma.
Para deixar o clima mais agradável, Wilma e Ronaldo colocam um som ambiente. “É com música popular, mas não muito alto porque a proposta é comer e conversar”, explicam. Enquanto aguardam o prato ou após saborearem a refeição, os convidados aproveitam as bebidas a base de cachaça. “Hoje a mais consumida é a caipirinha, mas temos licor de morango, café, chocolate, etc”. Ainda tem a cerveja a partir de R$10.
Sandra Hill é aposentada tem 59 anos e aproveita as sextas para saborear uma comida diferente. Ela frequenta o restaurante desde o começo e fala o que mais a agrada no local. “Tem uma pegada diferente, dá para se reunir com os amigos e trazer outros para conhecer. Cada um tem o direito de trazer a sua panelinha e acho isso legal. O clima é aconchegante, é sensacional”, afirma.
O auditor fiscal, Hamilton Crivelini, 60 anos também é frequentador assíduo do local. “Venho desde o início e o convívio com as pessoas me atrai. Temos um grupo, no qual alguém telefona pra cá e faz a reserva. A comida árabe é muito boa, o Baião de dois também. Tem um clima gostoso, é amistoso tenho conhecido amigos aqui”, diz.
Já Alberto Ferreira Dias esteve no restaurante pela primeira vez. Foi convidado por uma amiga e assim que chegou se encantou pelo local. Como um bom apreciador de bebidas, o que mais sua chamou atenção foi a cachaça. “Primeira coisa, eu gosto de pinga e tem uma com guavira. Adorei o ambiente, é agradável e muita coisa rústica feita a mão”, comenta.