Fachada vermelha é orgulho de quem não abandona casa há 53 anos
Aos 83 anos, Nicácia se diverte com cabelo que combina com a fachada da casa
Na Vila Marcos Roberto, a casa com fachada vermelha e verde com detalhes que se destacam gera até dúvidas sobre o local ser um comércio ou o lar de alguém. Orgulhosa de dizer que os muros já são parte do seu lar há 53 anos, Nicácia Bordon conta que tudo foi capricho do marido e que a família não abandona o “cantinho” no bairro por nada.
Aos 83 anos, a senhora mantém os cabelos vermelhos e se diverte quando alguém percebe que a cor combina com o muro da casa. Do lado de dentro, o vermelho aparece novamente espalhado pelo quintal e contrasta com as paredes que nunca foram finalizadas.
De casa de madeira até creche da prefeitura, Nicácia conta que já tentou fazer de tudo um pouco no lar. Mesmo assim, o que acabou ficando do jeito imaginado por ela e Francisco, o esposo, foram a fachada e um “forno-churrasqueira” para lembrar da época em que cresceu na roça.
“É aquela coisa né, do lado de fora uma beleza, do lado de dentro é outra história”, brinca a senhora sobre a diferença entre as finalizações da casa. “Enquanto a gente teve dinheiro, a gente fez essa parte de fora, levantamos as paredes, mas aí o dinheiro foi acabando e a construção também”.
De Porto Murtinho, Nicácia explica que ela e o marido se mudaram para Campo Grande em busca de trabalho. “Ele trabalhou com construção por muito tempo e foi ele que levantou e fez tudo isso aqui”, diz.
Contando sobre a história da casa e do bairro, que se mesclam, Nicácia lembra de não ter água encanada e muito menos energia elétrica. Nesse período, a casinha era de tábuas, como ela narra.
“Depois a gente desfez a casa de madeira e foi construindo essa nossa de agora. Nós construímos tudo e até creche autorizada pela prefeitura foi aqui. Eu sempre quis cuidar de crianças, aí fiz o curso, passei na prova e contei para o meu marido. Ele não gostou muito não”, relembra sorrindo.
Mesmo assim, a casa acolheu as crianças por alguns anos, como a proprietária explica. E, conforme o tempo foi passando e a saúde precisou de mais cuidados, o espaço voltou a ser “só” casa.
Em conjunto com as plantas espalhadas pelo quintal, a cozinha aos fundos do lar é um dos maiores carinhos da proprietária. “A gente que cresceu na roça gosta de cuidar de planta, de fazer uma comida no fogão a lenha. É diferente”.
Com o mesmo carinho da fachada, a pequena churrasqueira também foi feita do jeito imaginado pelo casal, como Nicácia diz. “Hoje meu marido já está meio adoentado, mas ele fez tudo o que pôde e sempre gostou de construir”, completa.
Reforçando que mesmo sem a família ter conseguido levar as cores para dentro do jeito que imaginavam, a idosa garante que a felicidade deu certo em meio às paredes. “A gente tem duas filhas, tenho minhas plantas, faço minha comida lá atrás, então eu gosto sim”.
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