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Arquitetura

Fachada vermelha é orgulho de quem não abandona casa há 53 anos

Aos 83 anos, Nicácia se diverte com cabelo que combina com a fachada da casa

Aletheya Alves | 04/01/2023 07:48
Há 53 anos, Nicácia faz questão de manter fachada de casa colorida. (Foto: Marcos Maluf)
Há 53 anos, Nicácia faz questão de manter fachada de casa colorida. (Foto: Marcos Maluf)

Na Vila Marcos Roberto, a casa com fachada vermelha e verde com detalhes que se destacam gera até dúvidas sobre o local ser um comércio ou o lar de alguém. Orgulhosa de dizer que os muros já são parte do seu lar há 53 anos, Nicácia Bordon conta que tudo foi capricho do marido e que a família não abandona o “cantinho” no bairro por nada.

Aos 83 anos, a senhora mantém os cabelos vermelhos e se diverte quando alguém percebe que a cor combina com o muro da casa. Do lado de dentro, o vermelho aparece novamente espalhado pelo quintal e contrasta com as paredes que nunca foram finalizadas.

De casa de madeira até creche da prefeitura, Nicácia conta que já tentou fazer de tudo um pouco no lar. Mesmo assim, o que acabou ficando do jeito imaginado por ela e Francisco, o esposo, foram a fachada e um “forno-churrasqueira” para lembrar da época em que cresceu na roça.

“É aquela coisa né, do lado de fora uma beleza, do lado de dentro é outra história”, brinca a senhora  sobre a diferença entre as finalizações da casa. “Enquanto a gente teve dinheiro, a gente fez essa parte de fora, levantamos as paredes, mas aí o dinheiro foi acabando e a construção também”.

Do lado de dentro, plantas se espalham pelo quintal. (Foto: Marcos Maluf)
Do lado de dentro, plantas se espalham pelo quintal. (Foto: Marcos Maluf)
Com amor declarado por cada flor, Nicácia conta que já plantou até pomar. (Foto: Marcos Maluf)
Com amor declarado por cada flor, Nicácia conta que já plantou até pomar. (Foto: Marcos Maluf)

De Porto Murtinho, Nicácia explica que ela e o marido se mudaram para Campo Grande em busca de trabalho. “Ele trabalhou com construção por muito tempo e foi ele que levantou e fez tudo isso aqui”, diz.

Contando sobre a história da casa e do bairro, que se mesclam, Nicácia lembra de não ter água encanada e muito menos energia elétrica. Nesse período, a casinha era de tábuas, como ela narra.

“Depois a gente desfez a casa de madeira e foi construindo essa nossa de agora. Nós construímos tudo e até creche autorizada pela prefeitura foi aqui. Eu sempre quis cuidar de crianças, aí fiz o curso, passei na prova e contei para o meu marido. Ele não gostou muito não”, relembra sorrindo.

Mesmo assim, a casa acolheu as crianças por alguns anos, como a proprietária explica. E, conforme o tempo foi passando e a saúde precisou de mais cuidados, o espaço voltou a ser “só” casa.

Tendo crescido na área rural, ela conta que não abandona comida de "forno-churrasqueira". (Foto: Marcos Maluf)
Tendo crescido na área rural, ela conta que não abandona comida de "forno-churrasqueira". (Foto: Marcos Maluf)
Mesmo nunca tendo terminado de reformar o espaço como queria, a idosa diz que resultado é feliz. (Foto: Marcos Maluf)
Mesmo nunca tendo terminado de reformar o espaço como queria, a idosa diz que resultado é feliz. (Foto: Marcos Maluf)

Em conjunto com as plantas espalhadas pelo quintal, a cozinha aos fundos do lar é um dos maiores carinhos da proprietária. “A gente que cresceu na roça gosta de cuidar de planta, de fazer uma comida no fogão a lenha. É diferente”.

Com o mesmo carinho da fachada, a pequena churrasqueira também foi feita do jeito imaginado pelo casal, como Nicácia diz. “Hoje meu marido já está meio adoentado, mas ele fez tudo o que pôde e sempre gostou de construir”, completa.

Reforçando que mesmo sem a família ter conseguido levar as cores para dentro do jeito que imaginavam, a idosa garante que a felicidade deu certo em meio às paredes. “A gente tem duas filhas, tenho minhas plantas, faço minha comida lá atrás, então eu gosto sim”.

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